Tirei algumas horas na madrugada para refletir, aproveitando o silêncio que dominava o ambiente.
Coloquei um pen-drive no notebook, onde há inúmeros álbuns de fotos antigas e atuais, catalogados nos últimos 25 anos.
Vendo fotos de passeios e reuniões que foram feitas com meus pais, filhos, netos e amigos, comecei a fazer um paralelo entre a época de minha infância com o que acontece nos dias de hoje, trazendo-me à memória um vídeo ao qual assisti, do mestre escritor e inigualável crítico Arnaldo Jabor, com o título “Quero voltar a confiar”.
Comungo com o pensamento de Jabor, de que, antigamente, vamos dizer assim, mães, pais, professores, avós, tios, vizinhos, eram autoridades dignas de respeito e consideração. Inaceitável era responder de forma mal-educada aos mais velhos, fossem eles parentes, ou não. Professores, então, eram ídolos, tratados com todo respeito e veneração.
Como éramos felizes e não sabíamos!!! Não tínhamos medo de nada, ou de quase nada. Podíamos temer o escuro, o “homem do saco” ou os personagens de algum filme de terror...
Faço meus os ensinamentos de Arnaldo Jabor, quando afirma que hoje dá até medo de enumerar a quantidade de fatos e “coisas” que aterrorizam nosso dia a dia. Dá uma tristeza saber que hoje existem sempre direitos humanos ilimitados para criminosos enquanto para o cidadão de bem existem somente deveres.
É visto como idiota aquele que paga impostos em dia, pois para os sonegadores e caloteiros sempre vai existir anistia.
Tem uma música do Legião Urbana que questiona: “Que País é esse?”. E hoje precisamos refletir o que aconteceu com o mundo nos últimos 30 anos? Que mundo é este em que vivemos? Onde estão os valores morais? Tudo se transformou para pior! O respeito, a palavra, o compromisso, a “vergonha na cara”, o “fio de bigode”, a gentileza, tudo desapareceu, se tornou ridículo?
Balancei a cabeça querendo parar meus pensamentos... tomei um café ratificando as palavras de Arnaldo Jabor, quando afirma que “quero ter de volta o meu mundo simples e comum, onde existam amor, solidariedade e fraternidade como bases. Que precisamos voltar a ser “gente, construir um mundo melhor, mais justo, mais humano, onde as pessoas respeitem as pessoas. Utopia? Quem sabe? Precisamos tentar, pois os nossos filhos merecem e nossos netos certamente nos agradecerão”.
Marco Antônio de Figueiredo
Articulista do Jornal da Manhã