Tirei o final de semana para ler sobre o grande mestre Oscar Niemeyer. É salutar conhecer um pouco sobre este brasileiro da “gema”, com seus 104 anos, bem vividos.
Suas frases picantes e sarcásticas mostram a sabedoria do tempo vivido com maestria e observação incomum, assim como o olhar de lince.
Quem poderia discordar do humor sádico deste arquiteto sublime quando afirma que “a quem interessar possa: eu não estive presente na fundação de São Paulo há 458 anos. Na verdade eu não fui nem convidado”. Ou quem sabe desta frase: “São Paulo mostrou ao Brasil como se urbanizar com inteligência: basta fazer o exato contrário do que aconteceu lá”.
Mas suas célebres frases não ficam somente no campo profissional ou de tempo de vida; as principais se destacam pela crítica aos atos e procedimentos políticos. Se prestarmos atenção, veremos que elas se encaixam nas situações municipais, estaduais e federais.
Para evitar qualquer tipo de comentário maldoso por parte de alguns leitores, que ficam 365 dias e seis horas por ano dependurados nas “tetas” dos órgãos públicos ou não passam de “bajuladores” profissionais daqueles que ocupam cargos de chefia, antecipo que nada posso fazer se a carapuça encaixar no comportamento habitual de suas mamadeiras oficiais.
Nesta semana mesmo, um político nativo do sertão da farinha podre ousou afirmar que a vida política começa depois dos 40; mas depois dos quarenta, vêm 41, 42, 43, o progressista 44, 45, 54, 55 ou o 70! E agora?
Disse o mestre Oscar Niemeyer: “Projetar Brasília para os políticos que vocês colocaram lá, foi como criar um lindo vaso de flores pra vocês usarem como pinico”. Será que “certo projetista paranaense” veio somente uma só vez “pelas bandas” das sete colinas “triangulinas” e nunca mais voltou, por pensar o mesmo sobre o que projetou com relação ao trânsito e crescimento periférico, de uma cidade que um dia tinha um legislativo que pensava e agia como poder de uma megalópole?
Por falar em projetistas de renome, Brasília e a terra de Major Eustáquio foram premiadas com seus projetos arquitetônicos. Na primeira, Oscar Niemeyer projetou um avião, com uma ousadia arquitetônica que impressionou e impressiona o mundo todo. Aqui na terra do Zebu, outro grande arquiteto, Jaime Lerner, não teve muito que fazer devido à reinante falta de visão e estrutura secular aqui existentes, mas fica a impressão de que Uberaba mais parece um aeroporto cheio de “aviões”, e ao ligarmos os quatro pontos delimitadores do município, aparece naturalmente uma cidade triste e em forma de “camburão”. Por que será?
Marco Antônio de Figueiredo Articulista e Advogado
Pós-Graduado em Ciências Políticas pela UFSC - marcoantonio.jm@uol.com.br