Sentir saudades

O dia de Finados, que é celebrado em 02 de novembro, surgiu através de uma evolução logo nos primeiros anos da era cristã. Desde o século I, os cristãos rezavam pelos falecidos, visitando os túmulos dos mártires nas catacumbas. No século IV, já encontramos a Memória dos Mortos na celebração da missa, assim como no século V, a Igreja começou a dedicar um dia por ano para rezar por todos os mortos.

No início do primeiro milênio, os Papas Silvestre II, João XVIII e Leão IX, suscitam a comunidade a dedicar um dia por ano aos mortos, sendo confirmado no século XIII, o dia 2 de novembro, a data ideal para que todos os cristãos rezem pela alma daqueles que já não mais estão entre nós.

Assim, o dia de amanhã, para a maioria de nós brasileiros, pode ser chamado de o dia de sentir saudade. Saudade de nossos amigos, mestres, colegas, vizinhos ou conhecidos que, de uma forma ou outra, deixaram marcas agradáveis nas páginas de nossas vidas.

Nós brasileiros temos este comportamento sentimental que não possui uma definição exata, mas que, mais do que qualquer outro habitante da terra, sabemos vivenciar com toda energia esta palavrinha de imensurável significado, chamada “saudade”.

Sem sombra de dúvidas, o dia 2 de novembro não deveria ser chamado de “Finados”, pois a palavra finado significa, em sua origem, aquele que se finou, ou seja, que teve seu fim, que se acabou, que foi extinto e, para nós, nem a morte carnal consegue separar ou findar as lembranças, as recordações e o que sentimos por aqueles que nos ajudaram a construir nossas ações em vida.

O dia 2 de novembro encontraria muitas dificuldades  para ser consagrado como o dia internacional da “saudade” porque esta palavra é traduzida apenas na língua portuguesa, mas ninguém em sã consciência pode negar que este sentimento é o mais apropriado para explicar e dedicar ao ainda hoje chamado de “Dia de Finados, ou dia dos mortos”.

 Nós temos uma razão a mais para entender que o dia de amanhã deve ser chamado de o “Dia da Saudade”, pois o grande escritor, romancista e poeta uberabense, Mário Palmério, mostrou o caminho a ser traçado para saber entender, sentir e viver o que é saudade, em sua música gravada e cantada pelos quatro cantos do mundo, dizendo que “Se queres compreender o que é saudade, terás antes que tudo conhecer, sentir o que é querer, o que é ternura e ter por bem, um grande amor, viver; Então, compreenderás o que é saudade, depois de ter vivido um grande amor. Saudade é solidão! Melancolia! É nostalgia! É recordar...! Viver!”.

Nenhum de nós pode escapar deste sentimento que mistura, amor e lembrança de um passado até hoje vivenciado através de sentimentos de ausência e presença ao mesmo tempo, assim como ninguém pode fugir da morte carnal. Por isto, neste dia 2 de novembro, mais uma vez, vamos sentir saudades, recordando partes vividas e até hoje presentes em nossas vidas.