De repente me vi diante do computador a escrever, mas estranhamente senti como se alguém estivesse do outro lado lendo meu artigo...
De repente me vi diante do computador a escrever, mas estranhamente senti como se alguém estivesse do outro lado lendo meu artigo. Se o tempo desse um tempo, acreditaria que este “alguém” poderia me contar o que eu ainda nem sabia o que estava escrevendo.
Saio da frente do computador, fecho os olhos e adormeço. Sonho que me visto e vou até um lugar desconhecido. Aquele “alguém” me encontra lá e me dá um abraço.
Nós nos apresentamos: Sou o Marco. Ela diz: meu nome é “Vida”... E começamos a conversar enquanto caminhávamos.
Nossos passos se acertam diante de uma música linda e nunca tocada. Ela me olha e aos poucos vai me contando sobre um artigo que nem cheguei a escrever, mas que me parecia já ter sido publicado.
Assustei quando ela começou a falar do artigo em si. Falou que toda segunda-feira procura entre as crônicas, para ver se escrevi.
Depois disse o que sente e como se sente. Falou das surpresas e dos encantos.
De repente nos transportamos para outro lugar e ela me chama para sentir o silêncio que reinava naquele espaço e que servia de inspiração, me levando a vivenciar um momento de paz, comprometimento, recordações e carinho.
Sem mais nem menos, confessa que, naquele momento, meu olhar falava mais que as palavras e que agora sabia de onde tiro inspiração para os artigos.
Eu abri um sorriso maroto, pois sei que estava certa. Meio sem graça, disse que não sei de onde vem a inspiração e que sou somente um aprendiz de sonhador.
Ela fica pensando e olhando com um olhar meigo me fazendo lembrar a carta 13 de Paulo aos Coríntios, quando diz que línguas e ciências desaparecerão, mas...
Ela respira fundo, e eu a olhei. Senti que ela não tinha mais vontade de falar sobre o artigo e nem eu de ouvir sobre o que ainda vou escrever.
Na alma, ele já está escrito e eu só preciso ‘atravessar as nuvens do esquecimento que às vezes insistem em cobrir a memória’.
Paramos à beira de um riacho. Imagens se formaram com uma velocidade incalculável mostrando lugares e passagens por onde havia vivenciado momentos semelhantes, cercados de felicidade, ansiedade, alegria e paz.
Em meio aos flashes que se seguiam, ela se aproxima com um olhar de adeus, como se determinasse que eu voltasse à realidade.
Em silêncio, adormecemos. Sonhei o próprio sonho que talvez, em alguma dimensão diferente desta, tenha vivido um dia.
Quando acordei, senti que ela me procurou e eu a procurei, mas não estávamos mais lá. Já não podíamos nos ver. Será que tudo foi simplesmente um sonho?
Antes que a tristeza pudesse se fazer presente, procurei acreditar que neste sonho, os momentos foram transportados de outro plano, se materializando em imagens, quem sabe já vividas, que solidificaram em nossas almas, mas, ao mesmo tempo, permaneceu a dúvida de que tudo foi simplesmente um sonho.
(*) Marco Antônio de Figueiredo
Advogado e articulista