No livro da vida o que mais se vê nos dias de hoje é a falta de humanidade, respeito, educação, temor a Deus, carinho, amor e milhares de outros comportamentos indispensáveis para se ter uma vida digna. Palavras e gestos como, por favor, desculpa-me, levantar para uma dama ou para um idoso ocupar seu lugar, não estão mais inseridos nas regras atuais do “bem viver” destes seres que se dizem racionais.
Em sentido contrário a tudo e a todos que se espelham nas cartilhas e regras da evolução cristalizada do século XXI, ainda podemos encontrar aqueles “gatos pingados” que tentam resgatar os reais valores de sobrevivência em sua essência, quanto à qualidade e o prazer de se viver, sem a loucura de ter que vencer os ponteiros do relógio, sem a necessidade de superar os recordes e as metas impostas pelos andróides ditatoriais do poder.
A todo instante podemos ver que algumas pessoas que nos cercam, se envolvem com os problemas do dia-a-dia em seu trabalho, no ambiente familiar e de seus amigos, esquecendo da necessidade que possuem de cuidar da saúde, praticar exercícios físicos, alimentar-se bem e dedicar-se ao lazer na companhia dos amigos e familiares, aumentando cada vez mais os dados estatísticos daqueles que se transformam em andróides urbanos, popularmente conhecidos como “urbanóides”.
Nossa cidade vem crescendo em ritmo acelerado nas ultimas décadas, fazendo com que possamos ver a evolução, em larga escala, do número de doenças mentais, transtornos e distúrbios emocionais, síndrome do pânico e transtorno obsessivo compulsivo (TOC), em todas as camadas sociais, sendo que, muitas vezes, somos obrigados a conviver com estes urbanóides, por questão de parentesco, ou porque o mesmo ocupa lugar de chefia por ser protegido de algum “cacique” político.
Há poucos dias conversando com um amigo psicólogo sobre as mudanças de comportamento social do uberabense nos últimos 20 anos -, inclusive comentando quanto ao crescimento da frota de veículos no centro urbano, assim como o transbordar vulcânico da massa populacional transitória e flutuante de universitários, cortadores de cana e aqueles que não ficam registrados nas pesquisas de opinião ou do IBGE - chegamos à conclusão de que “pelo andar da carruagem”, Uberaba se tornou, no Triângulo Mineiro, a melhor cidade para um psiquiatra trabalhar, devido ao tamanho do mercado potencial de clientes aqui existentes.
O porquê desta conclusão é fácil encontrar, bastando ver as manchetes estampadas nos matutinos referentes aos assaltos à mão armada com ameaças de morte, estupros, pedofilia, furtos a velhinhos e moiçolas desprotegidas, desenvolvendo síndrome do pânico, a neurose urbana e TOC.
A violência urbana e a falta de convívio entre os membros da sociedade vêm transformando em uma velocidade inimaginável, sob a desculpa da evolução e do crescimento, a grande maioria dos habitantes desta metrópole, em robôs e andróides semi-humanos, ou simplesmente “urbanóides”!