Em 2016, dois acontecimentos mexem com a libido dos brasileiros: o carnaval e as eleições
Um desfile de máscaras
Em 2016, dois acontecimentos mexem com a libido dos brasileiros: o carnaval e as eleições; como estamos a poucos dias do carnaval, por vários rincões tupiniquins, os preparativos estão a todo vapor, intensificando construções de carros alegóricos, trios elétricos, marchinhas, frevos, bonecos gigantes, “fantasias” sem roupas naquelas mulheres “saradas”, insinuantes e provocantes, além das máscaras de políticos corruptos, externando a raiva da maioria dos brasileiros.
Talvez por ser ano eleitoral, o que vemos e sentimos no dia a dia, é um desfile de máscaras, onde um amigo ou mesmo aquele provável candidato se comporta como um folião, escondendo seu rosto atrás de uma máscara, para disfarçar a vaidade, ou talvez a covardia, seus defeitos e sua incompetência.
Seria engraçado se não fosse deprimente, quando assistimos cair a máscara daqueles que se sujeitam a praticar o chamado fogo amigo, ainda ocupando lugar de destaque entre os componentes da mesa do Rei, durante os três primeiros anos de administração, mas ao perceber que está em contagem regressiva, o tempo certo do poder, ferroam e destilam seu veneno mortal, no ritmo do chocalho de uma cascavel se escondendo atrás de moitas de agrupamentos empresariais, sorrindo e se desculpando após ferir e provocar a desgraça impactante de um tornado ou do rompimento de uma represa do tipo Sanmarco, de Mariana.
Esta semana, me fazendo refletir muito sobre a existência das máscaras invisíveis, assisti uma interpretação surtada, muito mais feroz do que o Wolverine com raiva, destruindo com palavras tudo que foi construído nestes três anos à volta daqueles que ali se reuniam, ultrapassando o limite racional.
Saí da sala assustado e certo de que determinadas máscaras são tão consoladoras às representações teatrais em reuniões, assim como trazem no carnaval a alegria para uma humilde empregada doméstica ou para socialite poder ser durante quatro dias uma princesa, uma rainha ou uma fada.
Mas as alegrias do carnaval terminam na quarta-feira, enquanto outros continuam desfilando no palco da vida de forma fantasiosa, parecendo um pavão, inchando o corpo, sacudindo as mãos e abrindo a sua plumagem fulgurante, parecendo Clodovil desfilando nas passarelas do Hotel Glória, no Rio de Janeiro.
É decepcionante ver desfilar diante de nós, na passarela profissional, aqueles que se acham “vanguardistas e gestores inigualáveis”, “pioneiros do progresso”, importando tão somente em “aparecer” e “puxar-saco” a todo o custo. Mas quem conhece a realidade escondida por trás da repugnante máscara, percebe que ele ou eles estão simplesmente fazendo um papel ridículo.
A assustadora reunião que participei me fez refletir que muitas pessoas estão vivendo com máscaras, achando que isso traz segurança; no entanto, mais cedo ou mais tarde, a própria vida irá provocar a inevitável queda das máscaras.
Marco Antônio de Figueiredo – advogado e articulista