Não quero nem saber de pesquisas eleitorais, de corrupção, de bandidos atormentando a vida de todos, de sangue escorrendo pelas rádios, televisões e manchetes de jornais, por causa de desastres, acidentes, assaltos e assassinatos. Estou em paz...
Meus olhos vão percorrendo o raiar do dia. Ah!… é tudo tão bonito! A impressão que dá é que pensar pode ficar para mais tarde.
“Depois eu penso no decorrer do dia… depois eu vejo o que terei que fazer, onde terei que ir, se tem tarefa dos meninos para corrigir… depois... Agora não…” Agora, os pensamentos estão preguiçosos. Como diria meu filho Vitor... “’tão numa boa”. Somente os meus olhos “trabalham”. Todos em casa estão dormindo. Nenhum barulho de televisão, de pessoas conversando... Ouço somente os pássaros que estão acordando para um novo dia. É um estado de total relaxamento, de serenidade e paz.
A semana que passou, para não fugir à regra, foi muito agitada, cumprindo a profecia de Wagner do Nascimento Junior, quando afirmou: “Aqui na Cohagra, de tédio ninguém pode reclamar!”.
Mas, voltando para a realidade, ao sentir os primeiros raios de luz desta manhã de domingo, sinto o corpo descansado, a alma descansada. Nem parece que vivemos os desafios, cobranças e pressões intensas a cada minuto, durante toda a semana. Na paz em que me encontro não dá para imaginar a agenda intensa, de trabalho, reuniões e presença familiar.
Não dá para explicar que aqui está alguém que, há pouco tempo atrás, não sabia se ao menos poderia viver e vibrar com este esplendor que somente a Mão Divina do Criador pode conceder a nós e, que se sente vitorioso por se permitir um dia de descanso tão agradável como esse.
Como é bom sentir a presença da liberdade, sem sentimento de culpa por poder usufruir de um descanso merecido, fitar o nascer do sol e ficar ali, sorrindo à toa, fazendo nada além de observar a paisagem, os pássaros, o momento e o milagre de poder abrir os olhos e saber que está vivo!
É maravilhoso sentir que somos livres para construirmos os inestimáveis momentos como este, de felicidade; de ter sonhos, vitórias; ter paz e descanso.
Não tem nada que se compare a um momento como este, em que paramos para sentir que podemos desfrutar um início de domingo, deitado em uma rede, diante de uma paisagem linda, sentindo o vento acariciar a face sem aquele calor insuportável dos últimos dias.
O que poderia ser comparado ao escutar o canto dos pássaros agradecendo a Deus pelo belo espetáculo que Ele nos proporciona e, ao mesmo tempo, sentir uma brisa nos trazer o perfume das flores através daquele arzinho purificado pela clorofila das árvores que margeiam este “pedacinho do céu” em que me encontro.
Que estranha sensação! Só me resta abrir os braços, olhar para o céu e com gratidão, sentir a presença de Deus pelas belas, perfeitas e simples coisas que estou vivendo.
Marco Antônio de Figueiredo
Articulista e Advogado
Pós-Graduado em Ciências
Políticas pela UFSC
marcoantonio.jm@uol.com.br
