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Vida nova, tudo velho

Muitas vezes pensamos em mudar nosso modo de viver, mas nada nos influencia com tanta intensidade para fazermos uma mudança, do que ficarmos cara a cara com a morte.

Marco Antônio de Figueiredo
Publicado em 03/08/2018 às 10:18Atualizado em 20/12/2022 às 12:14
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  Muitas vezes pensamos em mudar nosso modo de viver, mas nada nos influencia com tanta intensidade para fazermos uma mudança, do que ficarmos cara a cara com a morte. É uma experiência inigualável e inesquecível. Poucos são aqueles que passam por estes infindáveis instantes. No entanto, ao conseguir sair daquele túnel cheio de flash de fatos e lembranças dos históricos de nossas vidas, acordamos para a realidade de que deste outro lado da vida, tudo continua velho, mesmo começando novamente a vida. Descobrimos que existem, pelo menos, duas situações para que façamos as mudanças necessárias como pessoas: a primeira é quando precisamos mudar pela imposição da própria vida, ou seja, quando atingimos a adolescência, a mocidade e nossa fase adulta; a segunda é quando descobrimos que temos que mudar nossos hábitos e nosso comportamento pela imposição da necessidade de continuarmos vivos.   Como diz Chistian Gurtiner, “independente de tudo, se for para mudar, mude para melhor”. Não façam como as pessoas que nunca mudam e simplesmente criam carcaças em torno do que sempre foram e do que sempre serão. Queria que fosse diferente, mas chega a ser cômico olhar em volta e certificar que depois de um ano enclausurado em um leito de hospital, tudo continua do mesmo jeito velho de viver.   As fotos e os fatos são os mesmos. Até aquele gentil e serviçal professor continua fazendo tratamento iniciado há mais de trinta anos naqueles anciões, sem nunca conseguir passar de colocações provisórias, enganando-os e explorando-os de forma sentimental e financeira.   E aquele bondoso profissional que há exatos trinta e três anos não conseguiu terminar seu propósito profissional, mas com o lucro obtido de seu interminável ofício, formou seus filhos, inclusive em cursos no exterior.   Tem razão Sidneia Marques e outros autores do “Paradoxo do Tempo” ao afirmarem que, “hoje temos edifícios mais altos, mas pavios mais curtos. Auto-estradas mais largas, mas pontos de vista mais estreitos. Gastamos mais, mas temos menos. Temos casas maiores e famílias menores. Mais conhecimento e menos poder de julgamento. Mais medicina, mas, menos saúde. Bebemos demais, fumamos demais, gastamos de forma perdulária, rimos de menos, dirigimos rápido demais, nos irritamos facilmente. Limpamos o ar, mas poluímos a alma. Escrevemos mais, mas aprendemos menos. Planejamos mais, mas realizamos menos. Aprendemos a correr contra o tempo, mas não a esperar com paciência”.   É espantoso descobrir que, a cada novo dia, descobrimos que a maioria das pessoas comete os mesmos velhos erros, pois “esses tempos são de refeições rápidas e digestão lenta, de homens altos e caráter baixo, lucros expressivos, mas relacionamentos rasos, mais lazer e menos diversão. São dias de viagens rápidas, de fraldas e moralidade descartáveis, de pílulas que fazem de tud alegrar, aquietar e também matar!”.     (*)advogado e membro do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região marcoantonio.jm@uol.com.br

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