ARTICULISTAS

Violência sem fim

Sempre evitei falar sobre violência nos artigos que escrevo, principalmente porque, ao serem publicados

Marco Antônio de Figueiredo
Publicado em 08/11/2010 às 01:15Atualizado em 20/12/2022 às 03:19
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Sempre evitei falar sobre violência nos artigos que escrevo, principalmente porque, ao serem publicados, poderão ter a capacidade de traduzir fatos, aqui narrados, numa ressonância diferente de simples comentários feitos em uma roda de amigos. Mas não dá para silenciar diante desta violência sem fim, praticada contra nossos entes queridos, amigos e demais membros da sociedade em que vivemos.

Quem, em sã consciência, pode esquecer a violência no trânsito que ceifa diariamente vidas e mais vidas de maneira crescente nos resultados numéricos de uma estatística fria? Alguém conseguirá apagar da memória os “rachas” automobilísticos, que aconteceram nas madrugadas, praticados pelos “filhinhos de papais”, em seus “possantes” carros importados?

Alguém seria capaz de esquecer a violência doméstica praticada por “machos” e “damas feministas”, psicopatas e seres violentos, contra esposas, maridos, amantes e namorados, mutilando-os ou matando-os?

E aqueles filhos naturais, biológicos ou adotivos que matam seus pais para conseguir dinheiro com o intuito de financiar seus vícios pela bebida, crack, ou coisa pior; quando não, praticam suas barbáries para roubar fortunas de seguros milionários, grandes quantidades de terras, carros, etc.

Não dá para descrever todos os tipos e formas de violência contra crianças, idosos e portadores de deficiências, pois o fato serviria apenas para colaborar na fabricação do medo ou ser porta-voz da desgraça alheia.

O noticiário de primeira página dos jornais locais, neste final de semana, nos leva à triste constatação de que as pessoas se sentem aliviadas quando o prejuízo é apenas material, seja ele pequeno ou de grande valor financeiro.

Apesar de nossos governantes dizerem que está tudo ótimo e “azul na América do Sul”, a verdade é que estamos em guerra contra “o tráfico”, onde o inimigo utiliza soldados que fazem parte de nossas famílias e que participam das decisões de nossos lares. São nossos filhos, sobrinhos, cunhados e irmãos que estão sujeitos a serem convocados para exercerem os papéis de “mulas”, aviões, mensageiros, guardas, espiões ou “exterminadores” do “poderoso exército do tráfico”.

Chega a ser revoltante ver certos políticos e membros da “alta society” - que não passam de hipócritas e usuários de drogas - pedindo menos violência, ao mesmo tempo em que financiam o tráfico.

Infelizmente, o que se constata é que o caos interno gerado pelo tráfego, uso de drogas e armas, transformou-se num imensurável tonel de pólvora recheado de terror com o estopim aceso, podendo estourar a qualquer momento, apagando, de vez, as imagens das maravilhas do nosso País, cantadas como sendo um paraíso tropical e abençoado por Deus.

Que bom seria se Deus realmente abençoasse este Brasil varonil, nos livrando da violência e da insegurança que têm transformado nossas vidas num verdadeiro inferno globalizado, pois, conforme disse Sérgio Adorno, um dos coordenadores do Centro de Estudos da Violência da USP, “não existe solução mágica para a segurança pública”.

Mas, não dá mais para ficar de braços cruzados esperando por uma varinha de condão nas mãos da nova presidente eleita ou um toque mágico por parte dos policiais. Entretanto, podemos protestar e exigir das autoridades competentes soluções imediatas e a volta do nosso direito de ir e vir, assim como não ter de pagar mais impostos para obtermos segurança pessoal e atendimento mais preciso e humano na saúde.

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