ARTICULISTAS

Viver neste mundo cão

Tem razão o compositor Toquinho ao dizer em suas músicas que tudo acontece de repente

Marco Antônio de Figueiredo
Publicado em 06/12/2010 às 23:31Atualizado em 20/12/2022 às 02:51
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Tem razão o compositor Toquinho ao dizer em suas músicas que “tudo acontece de repente, entre a loucura e a razão. Essa vida mata a gente de tédio e paixão. Tudo não passa de um momento, um pensamento, uma visão...Pois são demais os perigos desta vida, pra quem tem paixão.”

Não só Vinicus de Morais e Toquinho puderam chegar à conclusão quanto aos perigos que a vida nos impõe. Dioturnamente todo ser vivente tem que lutar e enfrentar os descasos, as pressões e depressões, os intemperes, a deslealdade, a ganância desenfreada, a avaresa, a corrupção, a maldade, a traição e uma infinidade de predicativos que só servem para tentar destruir os sonhos, a imaginação, a lealdade, a honestidade e honra, tornando mais difícil e perigoso viver neste mundo cão.

Confirmando que é perigoso viver, Guimarães Rosa, em seu romance, Grande Sertão Veredas, narrou os perigos da vida tacanha levada por homens ambiciosos e sem escrúpulos, organizados em bandos que levavam violências aos habitantes de Minas Gerais.

Não mais vivemos nos tempos descritos por Guimarães Rosa, mas encontramos a todo o momento, “descendentes” destes bandos, que hoje ocupam cargos de chefia nos três poderes, comprovando que, de certa forma, deixaram seus ninhos, cavernas e covis, para migrarem para os centros urbanos, tornando-se principalmente políticos, quando não, “caciques” do tráfico de drogas, mulheres, crianças e jogos, saindo da ficção do romance, para a realidade assustadora e avassaladora das tradicionais famílias mineiras.

Principalmente agora, como nunca antes, é preciso que articulistas, escritores, compositores, poetas, psicólogos e psiquiatras divulguem mantras de convencimento positivista inquestionável, para, pelo menos em parte, amenizar a depressão que atinge de forma assustadora, pelos quatro cantos do planeta Terra, a raça humana.

Dá medo de viver por causa da violência do homem contra o homem, através do uso das armas de fogo e das armas brancas, coloridas de vermelho, pelo sangue derramado, dos bandos da ficção dos romances, hoje chamados de quadrilhas, que praticam os crimes de colarinho branco, recebem propinas do mensalão e mensalinho, contratam jagunços para assassinar empresários e jornalistas, ficando impunes porque subornam “otoridades” e políticos corruptos que não querem mudar a Lei Penal para não perderem os patrocinadores de suas campanhas sujas e alicerçadas na podridão de suas mãos imundas.

É perigoso viver nesta terra mãe gentil se continuarmos a aceitar inertes a destruição da natureza pelas mãos do homem, pois é visível a luta e enfrentamento de climas hostis, o aumento da fome entre os povos, o surgimento de bactérias resistentes, pragas, tsunamis, a seca, o degelo da massa polar, o fim da água potável, o aquecimento insuportável, etc.

John Lennon sonhou com um mundo perfeito e imaginário de paz, sem posses, sem ganância ou fome, sofrendo as consequências de não se precaver, já que no planeta Terra está cada vez mais perigoso viver!

Sábias são as palavras de Toquinho ao compor que “o futuro é uma astronave que tentamos pilotar... Não tem tempo, nem piedade, nem tem hora de chegar. Sem pedir licença, muda a nossa vida e depois convida a rir ou chorar... Nessa estrada não nos cabe conhecer ou ver o que virá, o fim dela ninguém sabe bem ao certo onde vai dar. Vamos todos numa linda passarela de uma aquarela, que um dia enfim descolorirá...”

(*) advogado articulista

 

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