Como diria J.R.Guzzo da revista Veja, “a burrice faz parte das doenças que não têm cura; por isso mesmo, produz efeitos em qualquer época, como se pode verificar com tanta facilidade no Brasil...
Como diria J.R.Guzzo da revista Veja, “a burrice faz parte das doenças que não têm cura; por isso mesmo, produz efeitos em qualquer época, como se pode verificar com tanta facilidade no Brasil de hoje”. E, quanto a isto, não resta a menor dúvida, pois, o que mais se ouve nos dias atuais é a canção que se tornou destaque na novela Caminho das Índias, conhecida como “você não vale nada, mas eu gosto de você”. Se observarmos com atenção, veremos que a letra desta música lembra os acontecimentos atuais da vida política nacional, ou seja, irrita, mas apesar de tudo, jamais sai da cabeça e do coração”. Dá para ter saudades da aurora de nossas vidas e de nossas infâncias queridas, quando Flávio Cavalcante, em seu programa “Um instante Maestro”, quebrava os discos que eram gravados com músicas sem nexo, sem rima, sem conteúdo, sem decência, ou quando o nome do conjunto não condizia com os bons costumes. No entanto, nos dias atuais, o que vemos são conjuntos “famosos” com nomes como “Sepultura”, “Calcinha Preta”, “Batom na Cueca”, “Golpe de Estado”, “Joelho de Porco”, “Má Companhia”, “Ratos de Porão”, “Gangrena Gasosa” e outras coisas esquisitas a mais. O antropólogo Roberto Da Matta, usou o sentimento inserido na música da personagem “Norminha”, da novela de Glória Perez, gravada pelo conjunto “Calcinha Preta”, “Você não vale nada, mas eu gosto de você, tudo o que eu queria era saber por que...” para explicar o sentimento da elite política, que despreza o país e o povo. Chegam às raias do absurdo, mas a nossa “querida” Caixa Econômica Federal divulga, em rede nacional, no horário nobre, em todos os canais de televisão, o slogan “o banco que acredita nas pessoas”, mas alardeando ao fundo, a música “Você não vale nada, mas eu gosto de você”. Se prestarmos atenção no comercial, veremos com toda clareza os dois sentidos ali implícitos: Até exatamente à metade da propaganda, o trecho “Você não vale nada, mas eu gosto de você” se refere ao carro e aos eletrodomésticos. No entanto, a partir deste momento, veremos que a esposa canta o trecho para o marido. Para completar, no fim da propaganda, aparece a filha beijando o pai somente porque ele comprou um carro novo. É de se concluir que o mesmo banco que diz acreditar nas pessoas é aquele que diz que elas nada valem, a não ser que rendam algum lucro financeiro. O que entristece a população politizada é que o Brasil, assim como a “Norminha”, tem muitas máscaras, dentre elas aquela em que se afirma ter se livrado da hiperinflação com mais democracia, e há também a que se faz acreditar sobre o risco de destruir a oposição pelas mãos do Lula, no afã de fazer uma sucessora. Mas, a principal máscara é a que encobre as falcatruas, a corrupção, os crimes cometidos à vista de todos nós, as confissões de práticas delituosas, sendo que tudo acaba em pizza ou em piadas televisivas dos programas humorísticos “Pânico na TV” e “CQC”. Chegam novas eleições e aqueles mesmos políticos que todos nós sabemos que nada valem se elegem ou se reelegem ao som do refrã “... tudo o que eu queria era saber porque...”. Mas paira a dúvida no ar, como diria Dorgival, pois o ”porque desse nosso amor por um tipo de poder que faculta a hipocrisia, a chantagem emocional, a roubalheira, a incúria administrativa e todos esses outros monstros que conhecemos tão bem. Se esses caras não valem mesmo nada, não basta execrá-los. É preciso saber por que nós os amamos tão apaixonadamente”.