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CNSD, fruto de uma missão há 133 anos!

Sempre acreditei na premissa que nada acontece por acaso. Devemos ter a sensibilidade

Maria de Lourdes Leal dos Santos
Publicado em 06/11/2018 às 20:49Atualizado em 17/12/2022 às 15:12
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Sempre acreditei na premissa que nada acontece por acaso. Devemos ter a sensibilidade, a observação e cuidado perante os fatos e perceber nestes a correlação com a vida, dom gratuito de Deus. Durante minha estadia em Fátima, tive a graça de hospedar-me na Casa Mãe da Congregação das Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena, no Largo de São Domingos, em Benfica, Lisboa, Portugal. Foi neste lugar que cresceu e viveu Madre Teresa de Saldanha, fundadora da Congregação, em 1877. Um convento que traduz a fortaleza de uma mulher que não cedeu à indiferença, às adversidades e testemunhou seu amor a Deus, aos pobres e a sua pátria. Sua tenacidade se expressou na vivência mística da arte, na solidariedade, na visão profética e carisma (Fazer o Bem sempre). Atualmente, a congregação está presente em vários países, como Brasil, Espanha, Bélgica, Angola, Moçambique, Paraguai, Albânia e Timor Leste. Vejam a sintonia divina: na Casa Mãe, em Benfica, em maio de 1885, Madre Teresa Saldanha acolheu por três meses as primeiras irmãs missionárias francesas, de Bor, designadas para presidir os trabalhos de fundação da Ordem Dominicana no Brasil. A cidade escolhida, Uberaba, no Triângulo Mineiro. Para que as seis novas missionárias conhecessem um pouco da língua do país, ficaram em Lisboa. Dentre estas missionárias está Madre Maria José, fundadora do Colégio Nossa Senhora das Dores, em outubro de 1885. Em minha visita a Benfica, a atual Madre Geral, Irmã Rita Maria Nicolau, me entregou um documento valios uma carta de agradecimento das irmãs missionárias a Teresa Saldanha, datada de 01 de junho de 1896, onde relata “o pequeno fruto da nossa missão”, a alegria de construírem o Colégio, as alunas internas, os desafios e a expansão para a diocese de Goiás. Ao longo da carta, percebe-se gratidão e sinais de vitalidade, ousadia e comprometimento cristã servir ao próximo com amor. Minha alegria aumenta, quando Ir. Beatriz Manna, exímia historiadora que sempre me auxilia na busca da memória dominicana, encontrou na Betânia, o recorte do Jornal Lavoura e Comércio, de 04/08/1933, que noticia o falecimento da Madre Maria José, a heroica fundadora do CNSD. O recorte relata sua origem francesa, sua separação da família com apenas 26 anos de idade para assumir durante 48 anos sua missão em terras brasileiras. O artigo diz: “Si a humildade de Mére M. Joseph cobriu sempre com o véu do silêncio caridosos tudo quanto lhe custaram os alicerces dessa majestosa construção que nossos olhos embevecidos hoje contemplam, podemos nós soerguer uma pontinha desse manto, para melhor admirarmos as virtudes heroicas por ela praticadas.” Ela sofreu muitas perseguições e privações, enfrentou preconceitos e “muitas vezes, nem mesmo suas filhas suspeitavam todo o amargor do cálice que seus lábios sorviam: sua alma benevolente guardava para si todo sofrimento”[..]” Muitas gerações de moças – filhas de Uberaba, filhas do Triângulo – tiveram a felicidade de conviver com ela, haurindo nessa intimidade as virtudes que fazem as verdadeiras “mulheres fortes”. Muitas mulheres pregadoras assumiram sua missão ao longo dos anos. Parabéns, CNSD!!! Que os valores e virtudes destas mulheres sejam sinais de esperança para toda a Família Dominicana!!!

(*) Doutoranda em Educação - USP

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