Há pessoas que passam pela vida, outras marcam pelas atitudes, pelo testemunho, pelo amor incomensurável ao próximo. Irmã Nívea Padim marcou presença neste mundo e, aos 98 anos, com amor e sabedoria, fez sua Páscoa definitiva. Está diante de Deus a religiosa dominicana que dedicou 70 anos, integralmente, ao carisma; seguiu os passos de Domingos à luz da essência da espiritualidade anastasiana. Nasceu em 27 de dezembro de 1923, na cidade paulista de São Carlos, onde em 1942 ingressou-se na Escola Paulista de Medicina. Permaneceu lá até 1946, dando continuidade ao curso na Universidade Federal de Minas Gerais, onde se formou em 1948. Neste mesmo ano, veio para Uberaba e entrou para o convento das Irmãs Dominicanas de Monteils, no Colégio Nossa Senhora das Dores, recebendo o nome religioso de “Irmã Violeta”. Como médica, tinha uma visão humanista na área da saúde, um estilo novo de medicina, menos curativa e mais preventiva. Colaborou na fundação da Escola de Enfermagem Frei Eugênio, em 1948, ministrando aulas na graduação, juntamente com Irmã Loreto Gebrim e Irmã Maria Georgina. Em 1957, “Irmã Violeta” vai para Conceição do Araguaia, onde inicia os trabalhos de consultas, cirurgias e visitas aos doentes. Organizou campanhas para a construção de um ambulatório, inaugurado em 1960, com a finalidade de atender a população carente de Conceição do Araguaia e região. O ambulatório São Lucas transformou-se em Hospital. Irmã Nívea foi a primeira profissional médica de Conceição do Araguaia e, com seu espírito missionário, dedicou-se ao povo, principalmente aos indígenas. O escritor Isau Coelho Luz, natural de Conceição do Araguaia, relata no primeiro capítulo de seu livro “Memórias Araguaianas” a missão de Ir. Nívea. Ela salvava a vida das pessoas em parceria com a FAB (Força Aérea Brasileira), acompanhando os pacientes mais graves para São Paulo, no avião da aeronáutica. Isau Coelho Luz é uma das pessoas que ela ajudou a salvar quando criança. São inúmeros os relatos de gratidão, de amor e reconhecimento ao “ anjo do Araguaia”! Ela se tornou instrumento de Deus, presente divino na vida de tantas pessoas por mais de uma década. Ao retornar a Uberaba, em 1967, foi grande empreendedora junto ao Hospital São Domingos, referência na área da saúde, cujo lema era “Nossa preocupação, o homem; nossa salvação, o Cristo”. Mulher contemplativa, pregadora que soube harmonizar fé, ciência, técnica, humanismo e ética para responder às necessidades de seu tempo. Atenta à memória, registrou nos “Cadernos Anastasianos”, com sabedoria e competência, os valores e princípios da Congregação. No dia 2 de abril de 2022, o céu tornou-se violeta e acolheu o anjo do Araguaia de forma festiva, radiante, louvando sua caminhada de luz. Que seu brilho resplandeça sobre nós e nos traga a PAZ!
Maria de Lourdes Leal dos Santos