TERCEIRO FATO da coragem do professor José Fernando: criação em 1983 do IDT (Instituto de Desenvolvimento Tecnológico), com a participação de um “pool” de empresas: 1- Funepu, braço da FMTM; 2- Faculdade de Zootecnia de Uberaba, braço da ABCZ; 3- Faculdade de Ciências Econômicas, braço da Aciu; 4- Fiube, Faculdades Integradas de Uberaba. Finalidade do IDT: produzir “softwares” e manter “hardwares”, pois vivíamos no início da década de 1980 um período inicial arcaico da Tecnologia da Informação (TI) no Brasil.
Em 1986, como diretor da FMTM, verifiquei que as outras três instituições que compunham o IDT já conseguiam caminhar com seus próprios pés, não necessitando mais do IDT. Assim, a FMTM, através do seu braço, a Funepu, manteve para si a parceria com o IDT.
Em agosto de 1987, através de um Decreto Federal, a FMTM conseguiu a contratação de 18 profissionais da área de TI: programadores, analistas de sistemas e técnicos em programação. Com esse quadro, o IDT passou a prestar serviços à comunidade, tornando-se uma fonte de arrecadação para a FMTM, o que veio concordar com a publicação da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).
“A crise das universidades nos anos 80”, onde concluía que “as universidades não recebem o dinheiro porque o governo diz que não tem, mas o dinheiro continuará a não chegar, seja porque o governo não tem, seja porque o governo não quer mandar, sendo necessário prestar serviços à sociedade, de maneira legal e transparente, através de Institutos ou Fundações”. Assim, hoje, a UFSC possui vários Institutos (Inpeau, Iglu) e Fundações (Fapeu, Fepese, Feesc e Funjab), vendendo serviços ou consultorias, trazendo recursos financeiros para os professores, colaboradores e, também, para ela, “pois o governo continuará a não mandar os recursos necessários”.
Porém, na administração seguinte da FMTM foi determinado ao IDT cessar a prestação de serviços, entre estes a folha de pagamento de 2.500 colaboradores da Empresa Guimarães Castro, o que motivou até pedido de demissão de analistas de sistema. Enfim, a visão de percepção de futuro do professor José Fernando foi jogada por terra.
QUARTO FATO: graças ao professor José Fernando e à habilidade da chefe do DRH da FMTM, Maria Justina Leal de Souza, colhi na minha gestão o que foi elaborado por eles: aproveitamento de 204 pessoas para o quadro federal, baseado no Decreto Federal 2.280, o que permitiu que estas pessoas que estavam substituindo servidores federais pudessem ingressar, ocorrido no mês de janeiro de 1987.
Enquanto a FMTM aumentou seu quadro em 204 servidores, a Escola Paulista de Medicina, hoje Unifesp, aumentou em 950 e a UFRJ, através de manobra ultra-arrojada do reitor Horácio Macedo, aumentou seu quadro em 3.500 servidores. Na época, havia 52 Ifes e somente três conseguiram essa contratação. Essas contratações aliviaram a folha de pagamento da Funepu, trazendo liquidez à FMTM.
Síntese da coragem do professor José Fernando:
1- contratação de 214 servidores federais, “ao arrepio da lei”;
2- criações da Funepu e do convênio com o antigo Inamps;
3- criação do IDT;
4- contratação de 204 servidores.
“O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”. João Guimarães Rosa.
Seria deselegante e grosseiro indicar qual dos ex-diretores ou dos ex-reitores mais fez pela FMTM/UFTM. Mas, sem medo de errar, o professor José Fernando foi o que teve mais CORAGEM.
Nilson de Camargos Roso
Doutor em Anestesiologia, professor aposentado pela UFTM
n.roso@me.com