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A curva de aprendizagem

Nilson de Camargos Roso
Publicado em 30/06/2023 às 19:45
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Aprender é algo essencial na vida das pessoas, pois todos desejam ser profissionais vencedores. A curva de aprendizagem é uma representação gráfica do nível médio cognitivo de aprendizagem para uma determinada atividade ou ferramenta. Seu conceito foi descrito pela primeira vez pelo alemão Hermann Ebbinghaus, em 1885, ao realizar estudos no campo da psicologia da aprendizagem. Tradução: há sempre um tempo que se leva para se conhecer toda a expertise de uma área ou profissão, tornando-se então um “expert”. Como se percebe, a curva está ligada ao tempo, mas depende da capacidade cognitiva de cada um, repito. O processo de aprendizagem está relacionado ao desenvolvimento pessoal e profissional. Com ele, é possível aperfeiçoar ou desenvolver valores, conhecimentos, habilidades, comportamentos e competências, por meio do raciocínio, estudo, observação e experiência e, essa última, necessita do tempo. Citações:

1- “É preciso três meses para aprender a fazer uma cirurgia, três anos para saber quando é preciso fazê-la e 30 anos para saber quando não se deve fazer uma operação”, disse o neurocirurgião britânico Henry Marsh. O tempo é fundamental para a sedimentação de conceitos da aprendizagem.

2- No final da década de 1980, um cirurgião, neófito na nova técnica de videolaparoscopia, realizou colecistectomia em irmã de conhecido político brasileiro. Essa paciente faleceu. Não se pode afirmar o que houve, mas o fator de o cirurgião estar ainda na curva de aprendizagem não pode ser afastado. Na mesma época, experiente cirurgião cardíaco necessitava ser submetido à colecistectomia, mas sabia que os cirurgiões gerais estavam em plena curva de aprendizagem em videolaparoscopia. Esse cirurgião se manifestou: “prefiro ser operado pelo abdome aberto, com a clássica incisão subcostal de Kocher”. Foi operado, sem intercorrências, onde a madura experiência do paciente como cirurgião foi importante.

3- Confúcio, filósofo chinês, 552 e 489 a.C., dizia “o que ouço esqueço; o que vejo me lembro; o que faço aprendo”. Em decorrência, quem mais aprende uma técnica ou matéria é aquele que ensina por repetidas vezes, chegando a 95% de expertise, conforme a “Pirâmide de aprendizagem de William Glasser”.

Nas duas primeiras citações, ficou claro que o tempo é importante para o aprendizado. Por isso mesmo, Confúcio nos ensina “o que faço aprendo”, mas, no caso dos cirurgiões, há necessidade de habilidade manual para executar a cirurgia, o que nos leva à afirmação: “o conhecimento está na cabeça, mas este tem que sair pelas mãos”, pois a habilidade destas reflete o que está na cabeça, necessitando de treinamento repetitivo.

4- Professor Ricardo Baroudi, da Unicamp, cirurgião plástico de nome internacional, sempre acreditou que sucesso e bem-estar são decorrentes de trabalho árduo e disciplinado, disse: “os bens materiais que possuo se devem às cirurgias que fiz, mas o bom nome que tenho se deve às cirurgias que eu não quis fazer”. Evidenciou que o médico não pode ser um argentarista, ou seja, ter busca doentia pelo dinheiro, mas que a prudência e o bom senso devem caminhar juntos, atributos fundamentais para o amadurecimento da curva de aprendizagem.

Na profissão do médico, é fácil concluir que, para conseguir ter de fato a expertise necessária, este profissional precisa passar por uma penosa curva de aprendizagem, pois a “matéria-prima” com a qual trabalha é a vida humana. Mas podemos afirmar que esta curva tem que ser exigida em todas as outras profissões, inclusive na área dos militantes políticos. Todavia, a vida é um eterno aprendizado em que os ingredientes de cada profissão são muito variáveis. Otto von Bismarck, o chanceler de ferro da Alemanha, ensinou-nos que “os tolos dizem que aprendem com os seus próprios erros; eu prefiro aprender com o erro dos outros”. Já o colega médico, escritor e memorialista de Juiz de Fora, Pedro Nava, mineiramente nos ensina que “a experiência é como o farol, mas geralmente ilumina para trás”. O mais importante: a curva de aprendizagem bem executada traz garantias de sucesso para o profissional e, também, para aquele que está sendo atendido.

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