ARTICULISTAS

As ditaduras da direita são biodegradáveis

Nilson de Camargos Roso
n.roso@me.com
Publicado em 22/12/2023 às 18:40
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As ações políticas, moralmente bem ou malconduzidas, permitem a chegada ao poder através de eleições, o que é bem diferente de se manter no poder; segundo a variável de José Dirceu, “vamos tomar o poder, que é diferente de ganhar a eleição”. Embora se ouça que “alternância de poder é sempre salutar, permitindo a oxigenação da democracia”, a manutenção do poder por longos anos pelo mesmo grupo, com frequência, leva ao Estado autoritário, mas, permanecendo por tempo indefinido, por meios ilegais pela manipulação jurídica, restringindo as ações dos candidatos opositores de chegarem ao poder, culmina na transformação de governo autoritário em governo totalitário, surgindo a ditadura, que poderá permanecer por décadas, podendo ser rotulada de direita ou de esquerda, ambas nefastas, pois “a bala que mata é assassina, independente de ser bala de ideologia de direita ou de esquerda”. Vejamos as ditaduras na nossa América.

DIREITA: Brasil, Argentina e Chile.

BRASIL: 1964-1985, por 21 anos. Eduardo Jorge e Fernando Gabeira, de ideologia de esquerda, em vídeo, afirmam: “ou viria a ditadura militar ou viria a do proletariado”. Com o que a maioria dos historiadores concorda. Assim que os militares perceberam o movimento das “Diretas, já”, chamaram as eleições e se retiraram.

CHILE: o general Pinochet permaneceu por 17 anos (1973-1990). Em 1988, Pinochet sofreu uma derrota, com o resultado de um plebiscito, no qual 56% dos eleitores rejeitaram a sua continuidade no poder.

ARGENTINA: por 8 anos (1976-1983), foram três os generais ditadores na Argentina. Em 10 de dezembro de 1983, enfraquecida com a derrota argentina na Guerra das Malvinas contra o Reino Unido, terminou com a ascensão do governo democrático de Raul Alfonsín, em uma eleição presidencial livre.

ESQUERDA: Cuba, Venezuela e Nicarágua.

CUBA: ditadura iniciada em 1959, com a revolução na Sierra Maestra, foi a mais letal (5.000 mortes até Fidel chegar ao poder e 17.000 até seu afastamento por doença, em 2008) e persiste até os dias atuais (64 anos).

VENEZUELA: Hugo Chaves chegou ao poder através de eleições em 1999, mas, modificando a Constituição, alterou o Poder Judiciário, o que permitiu seu sucessor Maduro ser o ditador até hoje, não se sensibilizando com mais de 5,4 milhões de venezuelanos exilados e a pobreza extrema do povo. Tempo de ditadura: 24 anos.

NICARÁGUA: Daniel Ortega foi presidente da Nicarágua entre 1979 e 1990 e voltou ao cargo em 2006, tendo sido reeleito em 2011, 2016 e 2021, essa última, com a prisão de diversos opositores. A partir de 2018, a repressão foi brutal. Ao menos 322 pessoas foram mortas pela polícia, mais de duas mil ficaram feridas, o direito de protestar foi banido, além da perseguição aos religiosos, fechando em março de 2023 duas universidades católicas e o jornal mais importante, dissolvendo 18 instituições de empresas privadas e com mais de 100.000 exilados.

Um produto biodegradável é aquele que se decompõe naturalmente e, de modo geral, essa decomposição da direita é mais rápida quando comparada à da esquerda. Assim, as ditaduras da esquerda são mais duradouras e dificilmente terminam, pois controlam o Poder Judiciário, que apoia uma Constituição repressora da oposição, e o poder militar usa a força para continuar a ditadura.

Conclusões:

1- as ditaduras da direita, perdendo o apoio popular, retiraram-se e chamaram as eleições, fato não ocorrido com as ditaduras da esquerda, que permanecem pela força;

2- as da direita permitiram pacíficas manifestações populares, fato não ocorrido com as da esquerda;

3- as citadas ditaduras da esquerda ainda se mantêm, mas as ditaduras da direita  foram biodegradáveis, durando menos. 

O presidente Lula sempre foi amigo e admirador de Fidel e ainda é amigo dos Castros cubanos, de Maduro e de Ortega. Sendo verdadeira a expressão “diga-me com quem você anda e eu direi o seu futuro”, pergunto se a frase correta é: “diga-me com quem nosso Presidente anda e eu direi o futuro do Brasil”.

Nilson de Camargos Roso
Doutor em Anestesiologia, professor aposentado pela UFTM
n.roso@me.com

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