Otto von Bismarck, ex-chanceler de ferro da Alemanha, dizia que as três maiores mentiras ocorrem ANTES das eleições, DURANTE a guerra e DEPOIS de uma caçada, mas, nós brasileiros, dizemos que é depois da pescaria. O que há de real?
ANTES das eleições: “nós podemos fazer o diabo quando é hora de eleição”, disse a presidente Dilma, e “na política vale tudo, menos perder a eleição”, disse Paulo Salim Maluf. Com essas premissas, a lógica do raciocínio nos leva a acreditar que, para os políticos, salvo honrosas exceções, os fins justificam os meios, com seus “modus operandi”:
preparar dossiês recheados de falsidades e meias-verdades contra adversários, mobilizar arapongas para espionar a vida alheia, pagar pistoleiros morais para manchar a reputação alheia, mentir sobre a biografia dos adversários e sobre a sua própria. Há uma luta intensa pelo poder absoluto, o que leva à corrupção absoluta. Não há procura pelo esclarecimento de um fato, mas sim pela exploração de um fato interessante, uma guerra de informações ou de narrativas, no termo atual, prevalecendo o aspecto teatral, ou seja, a capacidade de convencer o eleitor que a verdade está do seu lado. Em junho de 2022, quando a opinião pública desejava o voto eletrônico auditado, o que já ocorrera no Paraguai, o ministro Barroso, do TSE, favorável ao tradicional voto eletrônico, mas não auditado, disse que “é impossível defender o voto em cédula”. A mensagem que ele passou ao público era que “desejavam voltar à cédula antiga de votação”, ou seja, não esclareceu que a aludida votação solicitada não seria com a cédula tradicional, mas seria eletrônica e AUDITADA, onde o voto impresso cai diretamente na urna, sem contato manual, impedindo a fraude. No voto auditado, a cédula existe, mas não é a tradicional, o que evita qualquer fraude, repito. Barroso, não esclarecendo qual cédula, cometeu um ato de maledicência, dizendo uma verdade incompleta: "são fraudes (pelas cédulas) que marcaram negativamente a história brasileira". A meia verdade é mais perniciosa que a mentira, principalmente elaborada por um intelectual. Enfim, fortes e diferentes ideologias políticas levam do conflito ao confronto, consumindo alta carga de adrenalina do eleitor, impedindo a ação da prudência e do bom senso, principalmente quando esse magistrado disse: “eleição não se ganha. Se toma”. Após apuração dos votos, sacramentou “perdeu, Mané”.
Procurei abordar verdades sobre as mentiras, pois “é melhor sonhar a verdade do que acreditar na mentira”.
DURANTE a guerra: os países em guerra, diariamente, declaram o que mais convém a cada um, sempre negando o que for depreciativo, acarretando uma guerra de comunicação. Pesquisando pela internet, a Ucrânia acusa a Rússia de raptar ou sequestrar crianças ucranianas (encontramos números variáveis de 2.000 a 20.000 crianças sequestradas), alegando que “a Rússia, por não ter um crescimento populacional, criará essas crianças como se fossem russas”. Como réplica, um legislador russo disse que “há um programa para proteger os órfãos abandonados na guerra”. Na atual guerra de Israel com o Hamas, também ocorre informações opostas de cada lado. A bomba que destruiu um hospital em Gaza, segundo os israelitas, foi uma bomba do próprio Hamas, que não tem o controle perfeito de seus mísseis. O Hamas alega que o míssel veio de Israel, que destrói hospitais, mas Israel afirma que o Hamas utiliza o subsolo dos hospitais e das escolas para abrigar central de comando, armamentos e soldados.
DEPOIS de uma pescaria: é tradicional ouvir pescadores dizerem “o maior peixe escapou” ou “apesar do tempo ruim, pescamos muitos peixes”. Mas essas são as mentiras mais inocentes e contemplam apenas o ego do pescador falastrão.
Nilson de Camargos Roso
Doutor em Anestesiologia, professor aposentado pela UFTM
n.roso@me.com
