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Distribuição desigual de renda

Nilson de Camargo Roso
Publicado em 30/08/2024 às 18:44
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Este é um tema que há séculos preocupa os políticos, os religiosos, os sociólogos, os economistas, os assistentes sociais, os altruístas e os bem-intencionados em geral. Aqueles que se encontram na linha da pobreza pagam o tributo mais caro: crianças abaixo de um ano, se mal-alimentadas, terão pouco desenvolvimento físico e, também, intelectual, pois o cérebro mal-alimentado não se desenvolve, o que manterá essas pessoas sempre na classe mais baixa. Há muitas variáveis a serem analisadas neste tema, onde os ricos têm renda desproporcionalmente maior que os pobres, criando enormes diferenças sociais.

Pelo exposto, pergunto: é preferível viver em país com menor desigualdade social? Se a sua resposta for sim, é uma resposta aparentemente certa, que merece análise. A renda média anual por cidadão nos Estados Unidos (EEUU) é 70.000 dólares, podendo variar de 10.000 a 500.000, havendo grande desigualdade de renda.

Na Etiópia, a renda média anual por habitante é 900 dólares, variando de 500 a 5.000. Em princípio, na Etiópia há menor desigualdade social e nos EEUU há maior. Como todos preferem não migrar para a Etiópia, que tem menor diferença de renda entre seus habitantes, está claro que, mesmo com maior diferença de renda, todos preferem migrar para os EEUU, onde há maior oportunidade de trabalho e renda.

A desigualdade de renda, segundo estatísticas demonstradas por Christopher Jencks, emérito professor britânico de sociologia, só seria reduzida em 9% se todas as pessoas tivessem o mesmíssimo nível educacional e o número maior de escolas e faculdades não determina o fim da desigualdade de renda, pois sempre haverá fatores que impedem essa igualdade. Vejamos alguns. 

O poeta gaúcho Mário Quintana é autor de uma das definições mais interessantes: “democracia é oferecer a todos o mesmo ponto de partida, pois o ponto de chegada depende de cada um”.

Conheço famílias democratas que deram a todos os seus filhos a mesma oportunidade de estudar ou trabalhar (ponto de partida), sendo que alguns quiseram e outros não (ponto de chegada). A questão básica: há individualidade, não havendo pessoas de comportamentos iguais.

O ponto de chegada depende da escolha da profissão, da capacidade de avaliar o futuro, da inteligência, da maior capacidade de trabalhar, da dedicação, de dormir menos e trabalhar mais. Assim, muitos se tornaram vencedores, enquanto outros chegam à senilidade sem capacidade de se sustentarem, sendo que somente 3% dos aposentados são totalmente independentes, não necessitando de ajuda financeira de familiares e amigos.

A citação bíblica do filho pródigo também nos mostra que a diferença de ação ou comportamento define o futuro socioeconômico do cidadão. Um dos filhos, já adulto, pediu ao pai a parte da herança a que tinha direito, indo embora “correr o mundo”. Sem trabalhar e após gastar de modo fácil seu dinheiro, somente encontrou trabalho como tratador de porcos, no qual lhe era negada a mesma refeição dada aos porcos. Voltou à casa do pai, que, por compaixão, fez uma festa, matando o melhor novilho, o que melindrou o irmão que permaneceu com o pai.

Há alguns anos, uma empresa do Ceará necessitou de 100 bordadeiras para produzir bordados para exportação. Porém, as bordadeiras somente aceitavam trabalhar sem carteiras de trabalho assinadas, pois recebiam o Bolsa Família. A empresa não levou o projeto avante. Fatos como esse limitam essas pessoas humildes, que terão as condições nos futuros 10 anos exatamente iguais ao dia de hoje, sem perspectiva de melhora.

No Brasil, houve a implantação do “dar o peixe, e não ensinar a pescar”, que é o inverso do “não dar o peixe, mas ensinar a pescar”. Não há progresso de uma sociedade sem a produção resultante do trabalho, que remunera melhor e concede a liberdade financeira e social.

É claro que macropolíticas públicas que promovam a inclusão dos mais desfavorecidos devem ser criadas e implantadas, com estímulo ao empreendedorismo, criando novos MEIs (microempreendedores individuais) e esvaziamento lento do Bolsa Família, que conta atualmente com 56 milhões de brasileiros (27% da população), o que levou à falta de mão de obra, obrigando a Secretaria de Infraestrutura do Estado de São Paulo a buscar venezuelanos de Roraima para trabalhar.

Profissionalismo é necessário para vencer as barreiras sociais. O único amador vencedor foi Amador Aguiar, criador do Grupo Bradesco, tendo iniciado como contínuo (office boy do Banco Nordeste), que é o cargo menos diferenciado na área bancária, comprovando que “começar no princípio é uma boa opção”.

Justiça é saber conviver com o sucesso dos outros, ter admiração, e não inveja (um dos sete pecados capitais que levam ao insucesso profissional) das pessoas que surgiram do nada e se tornaram vencedoras, pois souberam preparar seus futuros, lembrando Peter Drucker: “a melhor forma de prever o futuro é criá-lo”.

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