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Empreguismo

Nilson de Camargos Roso
Publicado em 16/11/2024 às 18:11
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Empreguismo é a tendência a conceder empregos em abundância para atender interesses pessoais e políticos, fácil de ser encontrado nos serviços públicos e nas cooperativas. Mas a fonte de alimentação do empreguismo é o colonialismo, o clientelismo e o compadrio político, três males da política brasileira.

O empreguismo diminui a força de trabalho na sociedade pois, sem o trabalho, nenhuma família, instituição ou país, consegue evoluir e resolver as questões sociais.

Na China, o período 1949-1976 foi dominado por Mao Tsé-tung, fundador da República Popular da China, que defendia uma visão revolucionária do comunismo, em que todos os aspectos da sociedade, cultura, economia e política deveriam estar a serviço de causas ideológicas, controlados pelo Estado.

Mao prometeu ao povo aquilo que os políticos atuais ainda prometem: emprego e renda, o que gera aumento do gasto público, sem a devida produção de bens ou serviços, trazendo a pobreza. Com o empreguismo, a máquina do governo foi inchada, diminuindo a produção e a renda do país e de cada habitante. Em consequência, morreram durante seu mandato, de 15.000.000 a 70.000.000 (as consultas feitas nos dão esses números díspares) de pessoas, por fome ou morte por perseguição política.

De acordo com o livro estatístico chinês de 1984, a colheita caiu de 200 milhões de toneladas em 1958 para 143,5 em 1960. A produção de grãos da China caiu 15% em 1959, se comparado com 1958. Logo após, ocorreu uma nova queda, 15% em 1960. O empreguismo de Mao comprovou que poucos trabalhando produzem pouco alimento para muita gente, gerando a morte por fome. Lembrando Benjamim Franklin: “a preguiça anda tão devagar que a pobreza facilmente a alcança”.

Mao foi sucedido por Deng Xiaoping (1978-1992), que estudou na França e na União Soviética, e voltou ao seu país para desenvolver a organização política e militar. Certa vez, viajando pelo interior da China, encontrou um grupo de agricultores, que lhe perguntou qual a quantidade de cereal que deveria ser produzida naquela área. Deng Xiaoping disse a quantidade. Os agricultores perguntaram se produzissem mais se eles poderiam ficar com o excedente. A resposta foi sim e os agricultores produziram muito mais que a safra esperada.

Ficou claro que o ser humano necessita de estímulo ao trabalho, o que vai gerar mais produção, mais renda e melhor condição social. Deng implantou então a economia de mercado e realizou uma política de aproximação com o Japão e os Estados Unidos, atraindo capitais estrangeiros para o país.

Os  sucessores de Deng Xiaoping foram Jiang Zemin, Hu Jintao e, atualmente, Xi Jinping, que consolidou a China como um sistema híbrido: política comunista (ou socialista, com um único partido) e capitalista, no aspecto econômico e financeiro, colocando a China como segunda potência econômica no mundo, com possibilidade de se tornar a primeira.
No final do primeiro trimestre de 2015, eu conversava com o colega anestesista Mauro Cardoso. Falávamos sobre o empreguismo no governo de Fernando Pimentel, quando outro colega, que estava ouvindo nossa conversa, nos disse: “o que vocês estão falando é verdade. Sou médico do Estado e ontem fiz o exame admissional de três novos servidores, sendo um de Itapagipe, outro de Ituiutaba e outro de Araxá. Perguntei a cada um, separadamente, quando estávamos sós, o que faziam e quanto receberiam. Cada um respondeu que “era presidente do Partido dos Trabalhadores local e receberia R$5.000,00 por mês”.

Minas Gerais tem 853 municípios. Pimentel era adepto ao empreguismo e, certamente, não contratou presidente do PT para todos os municípios mineiros, mas é possível que contratasse para algumas centenas de municípios. 
Um fato isolado não tem valor, mas a associação de fatos nos permite concluir: no governo Pimentel também foi aumentado o número de Conselheiros na Cemig e no Ipsemg. O empreguismo praticado por Pimentel, certamente associado aos governos anteriores nada resolutivos de Aécio e Anastasia, nos permite entender porque Zema, ao assumir o governo em 2019, encontrou uma arrecadação estadual mensal de cinco bilhões de reais e gasto mensal de seis bilhões, o que gerava atraso e parcelamento do pagamento dos salários dos servidores.

O empreguismo é o pai e a mãe é a má administração. A filha é a corrupção, madrasta dos grandes males do Brasil.

Normalmente se colhe o que se planta. “Se o governo for honesto, fará sempre uma boa administração”. A solução é plantar honestidade.

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