Se o Brasil tiver um crescimento contínuo de 3,5% ao ano, alcançará a renda per capita do Chile em 16 anos; a da Coreia do Sul, em 40 anos, e a dos EEUU, em 60 anos. Mas há fatores impeditivos para melhorar nossa renda, sendo um deles a diminuição da capacidade de trabalhar. O enriquecimento das empresas e das pessoas físicas é originado do trabalho, gerando o que a sociedade mais deseja, emprego e renda, ou seja, a pujança de um país é baseada na sua força de trabalho. Nos dias de hoje, há fatores preocupantes, impedindo o trabalho e o consequente progresso do nosso país.
Há 13 Estados (nove do Nordeste e mais PA, AM, AC e AP) onde há mais pessoas inscritas no programa Bolsa Família do que com carteira de trabalho assinada. Há relatos de empresas nestes Estados mais pobres, mas também nos ricos, que têm dificuldade de contratação de mão de obra, pois os beneficiados pelo programa preferem não trabalhar, dizendo: “por que trabalhar se ganho o mesmo ficando em casa?”.
O primeiro programa social criado nessa área foi o “Bolsa Escola”, em 1995, por Cristovam Buarque, então governador do Distrito Federal, onde assegurava um salário mínimo a cada família carente que tivesse todas as suas crianças entre 7 e 14 anos matriculadas na escola pública. Em entrevista, Cristovam afirma que “a família era informada que o benefício seria concedido se as crianças estudassem, mas Lula mudou essa informação para “a família vai receber o benefício porque é uma família pobre”.
Enfim, como há crescente número de beneficiados, traz preocupação. Dados oficiais relatam 56 milhões de brasileiros neste programa assistencial em uma população de 203,1 milhões (em 2022), havendo 27,5% da população dependente do Bolsa Família. A Grécia foi a bancarrota quando um em cada quatro cidadãos era sustentado pelo Estado (25%). Brasil é a Grécia de ontem.
Jorge Lima, atual secretário do Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, em texto relatou que “o Estado de São Paulo tem 250 bilhões de reais para aplicar em infraestrutura, mas, como não está encontrando mão de obra suficiente no Estado, está buscando venezuelanos em Roraima”. São Paulo sempre foi rotulado como a locomotiva do Brasil, puxando os vagões (demais Estados e o DF), pois em 2021 recolheu 792 bilhões de reais de impostos federais e recebeu como contrapartida 46 bilhões, tendo um PIB maior que o da Argentina. Há quem entenda ser São Paulo não mais uma locomotiva, mas sim um asno que carrega o Brasil.
Paradoxo: no Estado mais rico faltam pessoas para trabalhar. Curioso: Estados ricos são os mais endividados, pois são os que mais contribuem em impostos federais; pela ordem, RS, RJ, MG e SP, respondendo por quase 90% da dívida de R$740 bilhões dos Estados com a União. Mal prognóstico.
Dois trabalhos recentes abordaram o quociente de inteligência médio (QIM) de diversos povos. Em primeiro está o Japão, com 106 pontos, certamente devido à sua cultura milenar (hábitos, costumes, princípios, valores, comportamento), onde não participam posições políticas ou ideológicas, exatamente ao contrário do Brasil. O Brasil aparece em 70º lugar no QIM.
Conclusões: no país com baixo QIM, onde seus cidadãos preferem viver às custas do Estado, faltando mão de obra, percebe-se que o governo implantou o PNNIT (Plano Nacional de Não Incentivo ao Trabalho), comunicando com alegria o número crescente de beneficiados.
Reverter é uma questão de análise técnica, mas implica na decisão política, onde o governo federal poderá propor o PNIT (Plano Nacional de Incentivo ao Trabalho), retirando paulatinamente os benefícios e dando em troca o trabalho. É necessário saber se o governo tem apenas planos de poder, não agindo, ou se deseja agir, o que trará desgaste político.
Trabalho é o preço do sucesso, gerando o que todos desejam: emprego e renda, repito.
Nilson de Camargos Roso
Doutor em Anestesiologia, professor aposentado pela UFTM
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