ARTICULISTAS

Por que não libertam nossos índios?

Nilson de Camargos Roso
n.roso@me.com
Publicado em 28/06/2024 às 17:36
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Em 1500, quando os portugueses chegaram ao Brasil, havia mais de seis milhões de índios. Em 2022, o Censo indicou pouco mais de um milhão. Neste intervalo de tempo, uma das causas da diminuição dos índios foi a miscigenação com europeus (em 1.600 havia 4.000 portugueses morando com índias) e negros. O DNA da atleta gaúcha Daiane dos Santos, feito pelo cientista Sérgio Danilo Pena, esclarece que ela é o protótipo do brasileiro: 39,7% de ancestralidade africana, 40,8% europeia e 19,6% ameríndia.

Nos EEUU, os índios exploram o turismo no Grand Canyon, assim como cassinos em diversos Estados. Já 35% do potássio importado pelo Brasil vem de  área indígena do Canadá. Está evidente que os índios dos países citados estão vivendo a modernidade, aplicando os recursos para melhorarem suas vidas pessoais, sem que ONGs ou promotores públicos impeçam essa liberdade de agir e de trabalhar em suas terras, pois os índios não têm um neurônio a menos do que os não índios.

Os índios da nossa Amazônia, quando surgem na mídia, são lembrados pelo alto índice de mortalidade das crianças, pela fome que os atinge, assim como pela taxa de suicídio, quase três vezes a da população não índia. 
No entanto, a Amazônia é rica:

1- possui a maior reserva de água subterrânea do planeta (mais de 162 mil quilômetros cúbicos de água);

2- maior reserva de floresta tropical do mundo, com madeira, borracha, peixes, castanha e minérios (ferro, bauxita, ouro, manganês, cobre, níquel, cassiterita, zinco, entre outros);

3- potássio, em Autazes, na foz do rio Madeira;

4- nióbio, grafeno (200 vezes mais duro que o aço e 200 vezes mais condutivo que o cobre) e kevlar (nitreto de bório), dez vezes mais resistente que o grafeno;

5- petróleo, já sabidamente explorado nas amazônicas Guianas Francesa e Inglesa.

É incompreensível a Amazônia ser tão rica e seus índios, mais que pobres, serem doentes e suicidas, lembrados quando recebem cestas básicas e medicamentos, mas sem melhora das condições de vida. Afinal, o que impede os índios, cercados de riqueza, de terem saúdes física e financeira, próprias do século 21? Onde há uma aldeia indígena o progresso não acontece, devido à “proteção” dos órgãos governamentais e não governamentais. É necessário abordar vários aspectos que entravam o desenvolvimento dos índios.

No noroeste do Estado de Mato Grosso, na chapada dos Parecis, os índios que lá vivem criaram uma cooperativa de produção, plantando em suas terras, tendo planos de aposentadoria e de saúde, mas enfrentam mais de 40 processos do Ibama, que já aplicou mais de R$120 milhões em multas, sob a acusação de estarem plantando em terras ilegais. Como se vê, o entrave está no próprio governo, desejando manter a Amazônia como um santuário intocável, às custas da pobreza dos índios.

Um relatório da OCDE afirma: “o Brasil se tornou um dos maiores contribuintes no aumento de áreas sob proteção ambiental”, com 2/3 de sua área preservada e com 80% de energia limpa gerada. O Brasil gera apenas 1,5% do CO2 no mundo.

Leiam o livro de Claudemiro Soares e Denia Magalhães
“Fundo Amazônia: A Hipocrisia Norueguesa e o Jeitinho Brasileiro”.

Empresa norueguesa, no Pará, recebeu incentivos para sua implantação, mas em 2019 contaminou rios na extração de bauxita em Barcarena, PA, com tubulação clandestina de lançamento de efluentes não tratados, sendo alvo de 34 ações do MPF no Pará. Os ecologistas que vivem sob ar condicionado, a imprensa tradicional e as ONGs nada disseram, principalmente a Greenpeace, cujo fundador, Patrick Moore, demitiu-se dela em 1986, dizendo que a “Greenpeace se tornou uma ONG de política marxista, abandonou a ciência e se engajou numa campanha de críticas sem oferecer soluções”.

Em 2009, fazendeiros americanos propuseram pagar fazendeiros brasileiros para não plantarem. Foi quando surgiu a expressão “farms here, forests there” (fazendas aqui, florestas lá), referindo-se à desflorestação tropical da Amazônia, que diminuiria a competitividade dos EEUU na agricultura.

Ana Júlia Carepa, governadora do Pará (2007-2011), prometeu aos índios levar energia elétrica às aldeias. Como não cumpriu, os índios interditaram as estradas, o que a fez cumprir a promessa. Os índios desejam o que os não índios já possuem: explorar suas terras e ter energia elétrica, internet, aparelhos domésticos e não há como retroagir.
Acesse  “Unicamp aplica seu primeiro Vestibular Indígena e faz história” em 2018, onde todas as vagas foram preenchidas. Está claro que os índios desejam progredir.

Os brasileiros de boa índole sabem que preservar a Amazônia não é mantê-la como um santuário intocável.

A questão central: por que nossos índios amazônicos vivem em grande área, de solo e subsolo ricos, e vivem na pobreza e na doença?

O dia 15 de abril de 2005 marcou a história dos 15 mil índios na Raposa Serra do Sol, Roraima, quando o STF criou a maior reserva indígena em área contínua do mundo e que era a segunda maior área produtora de arroz irrigado do Brasil e empregava índios. Um mês após essa demarcação, a revista Veja mostrava os índios desempregados, procurando comida no lixo de Boa Vista, capital.

Enfim, todas as manobras são para impedir que o índio trabalhe e se emancipe, promovendo, em consequência, que o jovem amazônico de hoje somente encontre trabalho no narcotráfico.

Do que foi acima exposto, percebemos uma trama que impede a liberdade do índio:

1- grande parte das ONGs, com falso protecionismo, está a serviço de países de Primeiro Mundo, que, com suas riquezas naturais exauridas, desejam se apossar da tabela periódica dos minerais da Amazônia;
2- países de Primeiro Mundo temem a competitiva agricultura do Brasil, procurando miná-la;

3- Aldo Rebelo afirma que há influência de países e outros órgãos estrangeiros sobre o Ibama, a Funai e ICMbio e o Ministério do Meio Ambiente;
4- a associação desses fatores mantém nossos índios famintos e escravos na selva;

5- se os índios conseguirem sua liberdade, pessoas de órgãos do governo e de ONGs, que vivem mais dos índios do que para os índios, perderão suas fontes de arrecadação.

 Nilson de Camargos Roso

Doutor em Anestesiologia, professor aposentado pela UFTM

n.roso@me.com

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