Perniciosa é a pessoa, estrutura ou entidade que causa variados ou diversos malefícios à população. As ditaduras, de qualquer ideologia, são sempre perniciosas, pois são regimes não democráticos ou antidemocráticos onde uma pessoa ou entidade governa com autoritarismo, sem participação popular.
A mais perniciosa das ditaduras na América Latina é a cubana, iniciada em 1959, persistindo até hoje, com um único partido político que sempre reelege o seu presidente. O seu construtor foi Fidel Castro, que, até chegar ao poder, através da “Revolução Cubana”, assassinou 5.000 cubanos, mas até o seu falecimento, em 2016, inteirou 17.000 cubanos mortos.
A segunda ditadura mais perniciosa foi a da Argentina, durando apenas sete anos (1976-1983), que, embora curta, tem estimativa assustadora, com número de pessoas que foram mortas ou “desaparecidas” (as pesquisas são díspares: 9.000 a 30.000 pessoas). Foi campeã em perniciosidade em período tão curto.
A do Chile durou 17 anos (1973-1990), ocasionando mais de 3.000 mortos ou desaparecidos, torturando milhares de prisioneiros e forçando 200.000 chilenos ao exílio.
A ditadura militar no Brasil durou 21 anos (1964-1985), sendo mais duradoura que a chilena e a argentina, porém menos perniciosa, havendo discrepância nos números de mortos e desaparecidos computados. A Comissão Nacional da Verdade, criada no governo Dilma, em seu relatório final, reconheceu 434 mortes e desaparecimentos políticos entre 1946 e 1988, dos quais a maioria ocorreu no período do regime militar. Porém, a ditadura brasileira teve algumas situações bem diferentes das outras aqui citadas, pois:
1- recebeu apoio popular, um chamamento através da “marcha da família com Deus pela liberdade”, com milhões de pessoas em praça pública;
2- se não ocorresse a ditadura militar, certamente haveria a “ditadura do proletariado”, marxista, conforme declarações de Fernando Gabeira, Eduardo Jorge e outros esquerdistas;
3- as ditaduras cometem assassinatos para chegar ao poder, menos no Brasil, onde os militares assumiram, mas com zero óbito. Em 09.04.1964, o Congresso Nacional deu posse ao marechal Castelo Branco, com a presença de Ulisses Guimarães, onde importantes figuras se manifestaram favoráveis aos militares, com elogioso editorial de Roberto Marinho (Globo) e concordância do cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, em vídeo;
4- um produto biodegradável é aquele que se decompõe naturalmente e, de modo geral, essa decomposição da direita é mais rápida quando comparada à da esquerda. Assim, as ditaduras da esquerda são mais duradouras e dificilmente terminam, pois controlam o Poder Judiciário, que apoia uma Constituição repressora da oposição, e o poder militar usa a força para continuar a ditadura. Como “as ditaduras da direita são biodegradáveis e autodestrutíveis”, em 1985 os militares deixaram o poder pacificamente, sendo que as de esquerdas dificilmente são removidas, a não ser por forças maiores. Por isso, as ditaduras da direita da Argentina, Brasil e Chile, chegaram ao fim.
Quando se joga baralho, é possível apenas jogar com as cartas que se tem às mãos. Em 1964, havia apenas duas cartas no jogo: a militar ou a marxista. Pergunto:
1- se os marxistas tivessem assumido o poder, inspirados nas sangrentas Revoluções Chinesa (Mao Tse Tung), Russa (Lenin e Stálin) e Cubana (Fidel Castro), teriam voluntariamente deixado o mesmo? A história do mundo nos ensina que não deixariam pacificamente o poder. Daí se conclui que as ditaduras marxistas são ainda piores e é possível que o Brasil estivesse até hoje sob seu jugo;
2- neste período de 21 anos, se fosse a ditadura marxista, as mortes ou desaparecimentos seriam 434 ou muito mais? Embora saibamos que a bala da direita mata do mesmo modo que a bala da esquerda, a história nos mostra que a ditadura da esquerda tem se mostrado mais repressiva, mais duradoura, mais desumana e menos respeitadora dos direitos humanos.
1- A ditadura militar no Brasil foi mais duradoura e menos perniciosa que as do Chile e da Argentina. A de Cuba não cabe comparação, pois está a anos-luz distante da democracia, persistindo até os dias atuais, podendo continuar ainda por outras décadas. Pelo exposto, entendo ser fácil concluir que a opção pela ditadura militar, e não pela marxista, era a única possibilidade razoável e mais preservadora de vidas que havia em 1964.