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As Múltiplas Faces de Sebastião Braz

Uberaba, ao longo de seus 200 anos de história, construiu laboriosamente seu progresso

Olga Maria Frange de Oliveira
Publicado em 28/05/2019 às 21:21Atualizado em 17/12/2022 às 21:11
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Uberaba, ao longo de seus 200 anos de história, construiu laboriosamente seu progresso. Isso foi possível graças à atuação de alguns de seus filhos, que canalizaram seus esforços apaixonadamente para o engrandecimento de sua terra natal. Dentre estes, figura Sebastião Braz, que deixou sua marca nos mais diferentes setores em que militou.

Este grande homem nasceu em Uberaba em 1890, filho do capitão José Braz, comerciante estabelecido nesta cidade, pai de nove filhos.

Na sua vida fez, literalmente, de tudo um pouco. Na juventude, foi sócio de seu pai na empresa “José Braz & Filho”, proprietária do “El-Dorado – Confeitaria e Restaurante”, estabelecimento situado à Rua do Comércio (hoje Artur Machado), esquina com a Rua Bandeirantes (atual Alaor Prata). Em 22 de março de 1913, pai e filho resolveram ampliar seus negócios inaugurando o “El-Dorado Rink”, um novo pavilhão destinado à patinação construído na área da confeitaria, que se tornou o ponto mais procurado para diversão das famílias uberabenses, até mesmo no carnaval. O local foi inaugurado ao som da banda Ítalo-Brasileira, sob a regência do Maestro Rigoletto di Martino, tocando o passo-doppio “El-Dorado Rink”, de sua autoria.

Flautista de reconhecidos méritos, integrou o elenco das mais renomadas orquestras que atuaram no cenário musical uberabense nos cinemas, clubes, casas de diversão e até mesmo na orquestra da Igreja Matriz, sob a batuta do maestro Renato Frateschi. Tornou-se, mais tarde, sócio da empresa “Damiani, Bossini & Cia.”, proprietária dos cinemas Politheama, Triângulo, Alhambra e Capitólio. Foi também gerente do “Cine-Teatro São Luiz” por mais de uma década, de 1932 a 1943, pertencente à Companhia Cinematográfica São Luiz, de Orlando Rodrigues da Cunha.

Dotado de espírito empreendedor, tornou-se dono de um depósito da “Cervejaria Antarctica”, em 1916, vinculado à filial de Ribeirão Preto. Anos depois, veio a se tornar alto funcionário do Fórum local, como “distribuidor” e, a partir de 1942, funcionário graduado dos escritórios da Companhia de Seguros Sul-América nesta cidade.

Sebastião Braz teve seu nome ligado a todas as grandes iniciativas esportivas em nossa terra, onde se tornou o maior incentivador do futebol amador de todos os tempos, integrando quase todas as diretorias do Uberaba Sport Club, que lhe deve inesquecíveis serviços. Não mediu esforços para guindá-lo ao primeiro plano do futebol regional.

Fundou também o “Independente Atlético Clube” em 20 de março de 1938, junto com o grupo denominado “prata da casa” do USC. O referido grupo decidiu se afastar das fileiras do clube por divergências com seus novos dirigentes quanto à condução dos destinos da agremiação. Ao se retirar do Independente para voltar ao ninho alvirrubro, em 1941, foi nomeado pela nova diretoria do Independente para o cargo de “Presidente de Honra” do clube, em sinal de eterna gratidão.

Como cronista esportivo, dirigiu a seção especializada do jornal “Lavoura e Comércio” por longos anos, deixando patentes os seus dotes intelectuais de jornalista dos mais combativos e capacitados.

Sebastião era uma figura simpática, de caráter límpido e bondade sem par. Exemplo de paciência, perseverança, teimosia e tenacidade incansável. Passou por altos e baixos na vida familiar e nos negócios, mas sua têmpera firme o fazia sempre dar a volta por cima e se reinventar.

Faleceu em 25 de abril de 1948, aos 58 anos de idade, vítima de hemorragia cerebral. Toda Uberaba se associou às derradeiras homenagens prestadas ao seu ilustre filho. A banda de música do 4º Batalhão participou do cortejo fúnebre, executando o hino do Uberaba Sport Club em ritmo compassado, composição de seu grande amigo, músico e compositor Rigoletto di Martino.

Ninguém amou o Uberaba Sport mais do que o fanático torcedor Sebastião Braz, o que o levou a encaminhar seu filho, Sherlock Holmes, para atuar profissionalmente em seus quadros como jogador. Era uma forma de solidificar os laços que o prendiam ao clube do seu coração.

No cemitério fizeram-se ouvir: 1- Dr. Pelópidas Fonseca, que falou em nome dos esportistas veteranos e da classe musical, onde Sebastião militou como flautista por quase três décadas; 2- Dr. Paulo Rosa, em nome dos colegas da imprensa; 3- Sr. Ataliba Guaritá Neto, que falou em nome da nova geração de esportistas uberabenses.

Uberaba amanheceu mais triste, desfalcada de um de seus filhos mais queridos.

(*) Pianista, professora, maestrina, regente do Coral Artístico Uberabense, pesquisadora da História da Música em Uberaba e ex-Diretora-Geral da Fundação Cultural de Uberaba

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