Terça-feira, 5 de dezembro de 2017. Noite de céu nublado, meio fria e com certo tom de melancolia pairando no ar, pela insistência de uma chuvinha miúda que teimava em cair
Natal em Canções de Paz
Terça-feira, 5 de dezembro de 2017. Noite de céu nublado, meio fria e com certo tom de melancolia pairando no ar, pela insistência de uma chuvinha miúda que teimava em cair. Nada indicava que minutos depois estaria vivenciando uma noite mágica, a não ser certa ansiedade, natural em dias de apresentação do Coral.
Nessa data, padre Valmir Ribeiro, pároco da Catedral Metropolitana de Uberaba, inaugurou o projeto “Natal em Canções de Paz”, que envolve quatro apresentações especiais em datas determinadas, com os seguintes grupos: Coral Artístico Uberabense, Coral Canta Marista, Concerto de Coro e Órgão com alunos da Universidade Federal de Uberlândia e Orquestra Municipal de Uberaba.
Monsenhor Valmir demonstrou, uma vez mais, sua incrível capacidade de organizar um projeto com maestria, passo a passo, desde a sua concepção até a execução final. Para isso, definiu equipes de apoio para assessorá-lo e tudo funcionou de maneira impecável.
O interior do belo templo em estilo neogótico estava decorado com um barrado de luzes na parte superior das laterais da nave central, além de possuir um lindo e monumental presépio no altar lateral do lado esquerdo de quem entra na igreja, elaborado pelo jovem artista plástico Fabiano Augusto. A inauguração da decoração interna e externa da Catedral bem como a do presépio foi prevista para o dia 5 de dezembro, junto com a apresentação do Coral Artístico Uberabense. Esse é o mais tradicional coral em atividade em nossa cidade, pois foi fundado em 1958 por D. Odette Carvalho de Camargos e, desde 1994, passou a ser dirigido por sua ex-aluna e colaboradora.
Após uma acolhida carinhosa do padre Valmir, o coral posicionou-se diante do altar com seu uniforme azul, pontualmente às 20h, e surpreendeu o público com a entrada da solista Cleide de Souza Fernandes pelo corredor central, entoando o “Glória”, melodia tradicional francesa do ciclo natalino. A seguir, o Coral executou duas peças primorosas com texto em latim, sensibilizando o público para a figura maternal da Virgem Maria: “O’ Sanctissima” e “Ave Maria”, de Jacob Arcadelt, do repertório renascentista. Na sequência, Monsenhor Valmir fez o anúncio da inauguração do presépio e das luzes da decoração natalina. A um gesto seu, as luzes foram apagadas por alguns instantes e, após contagem regressiva feita por todos os presentes, só o presépio e as luzes natalinas foram acionadas. Num clima de muita emoção e encantamento as vozes harmoniosas do coral entoaram o “Adeste Fideles”, cuja letra conclama a humanidade a se dirigir ao encontro do menino-Deus para a adoração. Toda a comunidade ali reunida, emocionada, aplaudiu o instante mágico que foi criado pela imagem encantadora do presépio iluminado realçada pelas vozes harmoniosas do Coral Artístico Uberabense.
A partir daí, sucederam-se várias melodias tradicionais do Natal: Anjos vieram anunciar, Pinheirinhos, O Primeiro Natal, Noite Azul, Natal Branco, Noite de Paz, Joy to the world e Noite Santa.
Um coral é, antes de mais nada, uma união de vozes, num sentido perfeito de solidariedade humana. As harmonias sonoras revelam a emoção da arte musical lembrando, mais do que nunca, o sentido mais profundo dessa arte intangível em sua imaterialidade. Ao ouvi-lo, temos a impressão de estarmos diante de um “Coro Angelical” e, portanto, mais próximos de Deus.
O público vibrou a cada peça, transformando esta apresentação num grandioso encontro onde não faltou fé, devoção, religiosidade e belíssimas músicas eternizadas através de gerações. Nossos cumprimentos ao estimado Monsenhor Valmir Ribeiro e aos seus colaboradores diretos; aos paroquianos e visitantes; à Fundação Cultural de Uberaba na pessoa de Aparecida Manzan, que representou o presidente Antonio Carlos Marques; ao Coral Artístico Uberabense, verdadeiro patrimônio cultural de nossa terra ao longo de seus 59 anos de existência a serviço da música.
Olga Maria Frange de Oliveira
Pianista, professora, maestrina, regente do Coral Artístico Uberabense, pesquisadora da História da Música em Uberaba, ex-diretora geral da Fundação Cultural de Uberaba