Há dias, venho acompanhando pelos jornais locais comentários eivados de segundas intenções, insuflando a população a se posicionar contra os pergolados que deverão incrementar o projeto de repaginação do centro da cidade. Os opositores fantasiam um sem-número de tragédias que poderão advir devido aos locais das intervenções, ou sugerem a possibilidade de trazerem transtornos no período das chuvas, e por aí vai...
Imediatamente me veio à memória uma crônica intitulada “Uberaba nasceu sob o signo da luta” de um antigo colaborador do Lavoura e Comércio, que assinava seus textos com o pseudônimo “Jota Esse”. Suas palavras deveriam, no mínimo, fazer-nos refletir sobre os dias atuais: “Minas andava brigando com Goiás. O Desemboque brigava com Araxá. José Francisco de Azevedo brigava com o major Eustáquio. O major Eustáquio tomava as terras dos bugres do coronel Antônio Pires de Campos. Todo mundo brigava, e foi assim, nessa brigaiada da era oitocentista, que Uberaba nasceu. Nasceu na guerra. Nasceu sob o signo da luta. E pelo tempo adentro, em mais de dois séculos, Uberaba não tem feito outra cousa senão brigar. Aceita brigas por quaisquer motivos. Brigou com Araxá. Brigou com Sacramento. Quase brigou com o Prata por causa de São José do Rio do Peixe. Brigou tanto que, não tendo mais com quem lutar, armou brigas com a sua própria gente. Fez brigar liberais e conservadores, cascudos e chimangos, araras e pacholas, aliancistas e reacionários, revolucionários e conservadores.
Escreveu uma história de longos anos de brigas que, por vezes, se prolongaram até os limites do ambiente econômico. Brigou com o Dr. Pereira Barreto por causa do Zebu. Brigou com os técnicos do Ministério da Agricultura. Brigou com o Estado de Minas, liderando movimentos separatistas. Depois de tantas lutas Uberaba ainda continua a brigar. Brigas nas mesas de truco e brigas nos campos de futebol. Brigas de Indubrasil contra Induberaba. Briga de Uberaba Esporte Clube contra o Independente. De todo esse passado de lutas, não ficaram muitas coisas. Uberaba perdeu muito tempo na guerra. Brigando, não teve tempo de ocupar as duas mãos na construção de seus próprios benefícios. (...)”
Toda vez que algum administrador público de nossa cidade resolve embelezar nossa “Princesa do Sertão”, surgem imediatamente clamores de todos os lados para inviabilizar o projeto. Chegam ao cúmulo de insinuar superfaturamento da obra, ou questionar a necessidade do gasto, considerado “supérfluo” por seus adversários políticos.
Quando Marcos Montes mandou construir os canteiros centrais nas avenidas foi um “Deus nos acuda”. Depois, foram contra as palmeiras ali plantadas e surgiram piadinhas de todos os lados. Ora, minha gente, vamos apoiar a ideia do prefeito Paulo Piau, que deseja embelezar Uberaba. Trata-se de um projeto poético, esteticamente bonito e de baixo custo, digno da nossa Princesa. Uberaba sempre foi conhecida como terra de mulheres belas e elegantes. Uberaba também merece ser embelezada nesse seu aniversário de 200 anos.
Nosso prefeito tem realizado uma excelente gestão apesar dos tempos conturbados. O funcionalismo, durante todo o seu mandato, nunca deixou de receber seus proventos em dia. Um número surpreendente de grandes obras pontuou as comemorações do bicentenário de Uberaba, culminando com a inauguração, no corrente mês, da Av. Geraldo Formiga do Nascimento, interligando a avenida Adail Gomes (região dos conjuntos habitacionais Rio de Janeiro, Isabel do Nascimento e Maracanã) com a Av. Filomena Cartafina. Sem falar dos cuidados em relação à pandemia, que tornou nossa cidade uma ilha de tranquilidade em relação à situação de caos em outras cidades vizinhas. Todas as medidas por ele tomadas foram pautadas por bom senso e equilíbrio.
Muito ajuda quem não atrapalha. Todos por Uberaba! Abaixo os agitadores cheios de segundas intenções. Tenho dito!
Olga Maria Frange de Oliveira
Professora de piano, regente do Coral Artístico Uberabense, autora do livro “Pioneiros da História da Música em Uberaba” e ex-diretora-geral da Fundação Cultural de Uberaba