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Uma Obra de Fé e de Amor

Sempre tive um argumento irrefutável para engrandecer Uberaba

Olga Maria Frange de Oliveira
Publicado em 29/08/2018 às 21:15Atualizado em 17/12/2022 às 12:59
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Sempre tive um argumento irrefutável para engrandecer Uberaba nas infindáveis discussões que confrontavam Uberaba x Uberlândia nos idos da década de 1970, quando era aluna da Faculdade de Artes da Universidade Federal de Uberlândia. Eu dizia, dando ênfase a cada palavra: “Uberaba é uma terra abençoada aos olhos de Deus, e prova disso é o fato de abrigar as mais conceituadas ordens religiosas do mundo cristã as Carmelitas descalças (1948); as Beneditinas (1948); e as Concepcionistas (1949). Sem falar na importância da Ordem Dominicana no desenvolvimento espiritual, educacional e assistencial de nossa cidade desde 1881”.

Este ano, o Mosteiro de Nossa Senhora da Glória completa 70 anos de história, pois foi fundado em 8 de setembro de 1948. As tramas que guiam nossos destinos reservaram um papel relevante ao nosso saudoso e operante Bispo Diocesano de Uberaba, Reverendíssimo Dom Alexandre Gonçalves do Amaral. No cumprimento de seu apostolado, pregava o retiro anual à comunidade do Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro. De há muito, vinha desejando ter em sua Diocese um Mosteiro Beneditino. Justamente durante o retiro de 1947 tomou conhecimento da manifesta intenção de um grupo de religiosas dinamarquesas de fundar um Mosteiro em terras brasileiras. Ao se inteirar do assunto, Dom Alexandre não hesitou em dizer, com a voz embargada pela emoçã “Recebo de joelhos esta fundação como uma graça de Deus”.

Em abril de 1948, um grupo de religiosos tomou um navio no porto de Ejesberg com destino ao Brasil, aqui chegando em 30 de abril do mesmo ano, tendo desembarcado no porto de Santos (SP). Refeitos da viagem marítima, estes religiosos prosseguiram para Uberaba, onde chegaram em 13 de maio. Integravam o grup Padre Wolfgang (alemão), Madre Margarida, seis monjas e duas noviças, sendo todas dinamarquesas. Foram recebidos na gare da Mogiana por Dom Alexandre e representantes de todos os segmentos da Igreja Católica de Uberaba, numa acolhida calorosa e fraterna de centenas de uberabenses que lotaram a estação.

Dificuldades com a língua, aclimatação e outras barreiras foram sendo superadas, de modo que, a 8 de setembro de 1948, o Louvor Divino foi iniciado solenemente na pequena e idílica capela do Mosteiro. Durante as primeiras Vésperas da Festa da Natividade de Nossa Senhora, Dom Alexandre oficiou a bênção do Mosteiro de Nossa Senhora da Glória.

A ordem beneditina, guardiã do legado do canto gregoriano, alia a oração realizada no claustro do convento à opção pelo trabalho manual. É uma ordem obreira, que realiza atividades artesanais, que abrange desde variados produtos de confeitaria até refinados trabalhos de caligrafia, bordados, restauração de imagens e artefatos de cerâmica. Seguem um preceito sagrado da congregaçã “Do trabalho de tuas mãos comerás!”.

No ano passado, a capela do Mosteiro teve que enfrentar uma inadiável restauração. Este pequeno templo, cujo acesso se faz atravessando-se um bem cuidado jardim, sempre encantou os uberabenses com sua encantadora singeleza, seus deslumbrantes vitrais e sua acústica perfeita. O momento de crise institucional no país dificultava a realização da obra. Alguns entendidos demonstraram total ceticismo em relação ao empreendimento, devido aos altos custos da obra. Mas a fé, mais uma vez falou mais alto e provou que a união faz a força. O que parecia impossível concretizou-se. A comunidade se uniu e uma verdadeira corrente de “amigos e benfeitores” possibilitou a realização desse sonho.

Dia 7 de setembro próximo, às 16 horas, a Capela do Mosteiro receberá a bênção do nosso Bispo, Dom Paulo Mendes Peixoto, numa cerimônia de “reinauguração” preparada com muita emoção pelas 20 monjas que ali habitam e têm como guia espiritual a Abadessa Madre Escolástica Pimentel. Para tão auspicioso evento aguardam um grande comparecimento da comunidade cristã uberabense. 

(*) Pianista, professora, maestrina, regente do Coral Artístico Uberabense, pesquisadora da História da Música em Uberaba e ex-diretora-geral da Fundação Cultural de Uberaba

 

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