Tem toda razão o músico e compositor Henrique Cazes, autor do livro “Choro - do Quintal ao Municipal”, quando afirma ser tarefa das mais enfadonhas encarar uma discussão sobre a origem de algum movimento artístico-cultural, no caso em questão “o nascimento do choro e a razão do seu nome”. O natalense Luiz da Câmara Cascudo, folclorista e professor, acreditava que o nome decorria de “Xolo”, um baile realizado por escravos nas fazendas onde eles trabalhavam e viviam; com o passar do tempo a palavra teria mudado para “Cholo”, quando mais tarde mudou novamente e se tornou “Choro”. Com o passar dos anos, outros estudiosos observaram que o tema não era tão simples assim, portanto aquela teoria não se sustentava.
José Ramos Tinhorão, crítico voraz e excelente escritor, acreditava que o Choro viria da impressão de melancolia gerada pela “baixaria” (notas mais graves do violão) e que a palavra choro seria uma decorrência. Conquanto, é importante reconhecer a contribuição de todos os pesquisadores anônimos, inclusive e principalmente o músico e pesquisador Henrique Cazes, quando, com o reconhecimento que merece da crítica especializada e dos seus leitores, categoricamente afirma não acreditar em “origens rurais” para um fenômeno tipicamente urbano como o choro.
Com a velocidade com que o tempo nos consome, eis que um grande milagre acontece para a música popular brasileira: o nascimento! O nascimento de um ícone: Alfredo da Rocha Vianna Filho – o Pixinguinha, em 23/04/1897, no Rio de Janeiro. A partir daí, a MPB, em especial o Choro, seria imortalizada com a marca “Carinhoso”, recebendo letra do grande Braguinha (Carlos Alberto Ferreira Braga).
Por volta da década de 10, por intermédio da genialidade de Pixinguinha, o Choro ganha identidade própria, quando passa a ser reconhecido como gênero musical. O músico e escritor Henrique Cazes foi sábio na definição referente: “o que impressiona os estudiosos que se aproximam do Choro é o fato de que uma forma de música popular seja ao mesmo tempo sofisticada, comunicativa e extremamente resistente”.
Vale lembrar aqui que o Grupo Chorocultura, criado na abençoada terra de Major Eustáquio, é extremamente agradecido a todos que o reconhecem. O grupo passou por circunstâncias fora do seu desejo, como o falecimento de alguns músicos, porém sempre tem procurado manter o mesmo nível cultural, fato por nós reconhecido através dos inúmeros convites recebidos por diretores das mais distintas instituições envolvidas no aprimoramento cultural da cidade e país afora, oportunidade que nos permite expressar nosso agradecimento à imprensa escrita e falada.
É imperioso também registrar a altivez da nossa Câmara Municipal quando aprovou projeto de lei do vereador Samuel Pereira, reconhecendo o Chorocultura como patrimônio da cidade de Uberaba.
Exultante de alegria, vale lembrar o gesto também altruístico do nosso egrégio Congresso Nacional ao proclamar o Choro como Patrimônio Cultural Brasileiro.
Lembro a todos que, no próximo domingo, a partir das 11 horas, será comemorado na “Concha Acústica” o Dia Nacional do Choro, onde estaremos nos apresentando e recebendo muitos artistas convidados.
Osmar Baroni
Cirurgião-dentista, membro da Academia de Letras do Triângulo Mineiro