Hoje, 23 de abril, é o Dia Nacional do Choro. A data inserida no nosso calendário foi inspirada no aniversário de Pixinguinha, considerado o “pai dos chorões”, através de projeto aprovado pelo Senado Federal, proposto pelo então senador do Rio de Janeiro, Artur da Távola.
A “gestação” do choro, inicialmente não como gênero musical, mas como maneira de tocar, surgiu por volta de 1870 – há historiadores que apontam 1845 – na cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. Segundo o maestro Batista Siqueira, “os cavaquinistas aprendiam uma polca – música europeia importada pelo Brasil – de ouvido e a executavam para que os violonistas se adestrassem nas passagens modulatórias, transformando exercícios em agradáveis passatempos”.
Quanto ao nome, a polêmica é bem maior do que as datas. Para o escritor e historiador José Ramos Tinhorão, “a repetição dessas passagens acabaram fixando determinados esquemas modulatórios invariavelmente nos tons mais graves do violão, estruturando-se sob o nome genérico de baixaria. “Ainda segundo Tinhorão, os sons graves do violão, em tom plangente e melancólico, teriam conferido o nome de choro a tal maneira de tocar”. É, mas não é tão simples assim. Na esteira das, digamos, sugestões, entra o folclorista Luiz Câmara Cascudo “de que o choro vinha de xolo, um baile que os escravos faziam nas fazendas e que teria mudado para xoro e, finalmente para choro”. Já Ari Vasconcelos, acredita que o termo teria origem nos choromeleiros, corporação de músicos no período colonial, termo que o povo teria encurtado para choros. Particularmente, prefiro deixar aos bolsistas, por ocasião da defesa de tese pertinente. Polêmica à parte, o que importa é saber que a partir de 1910, pelas mãos, ou melhor, pelo sopro do genial Pixinguinha, o Choro passou a significar também um gênero musical de forma definida.
Flauta, cavaquinho e violão foram os instrumentos básicos nas rodas de choro sob o comando do flautista e compositor Joaquim Antonio Callado Junior, que, por razão musical e sentimental, admitiu em seu grupo a lendária pianista, compositora e maestrina Chiquinha Gonzaga. Uma curiosa observação repousa no fato de que o pandeiro, hoje instrumento obrigatório em qualquer formação de grupos de chorões, somente foi incorporado aos conjuntos 50 anos depois da criação da genuína música brasileira, que teve o lundu como ingrediente dos mais importantes, pelas mãos do ritmista João da Baiana.
Talentosos músicos e compositores, como Anacleto de Medeiros, Irineu de Almeida, Patapio Silva, Ernesto Nazareth, Zequinha de Abreu, Luperce Miranda, Jacob do Bandolim, Waldir Azevedo, Rafael Rabelo e Hamilton de Holanda, entre muitos outros, são referências do legado de um dos mais sofisticados gêneros da música popular brasileira.
(*) Dentista, diretor da Sociedade Brasileira de Dentistas Escritores e membro do Fórum Permanente dos Articulistas de Uberaba e Região