ARTICULISTAS

Nos bastidores

Regiana Esquiante de Figueiredo
Publicado em 26/12/2025 às 18:37
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O público vê as autoridades sendo convidadas a compor a mesa, ouve o som da música ambiente, falas coordenadas respeitando o protocolo, aplausos e fotos. O que não vê é o caminho longo e trabalhoso até que a cerimônia, enfim, aconteça.

Muito antes das cadeiras alinhadas e do anúncio de início da cerimônia, há reuniões intermináveis, estudos de precedência, leitura atenta do decreto, leis e normas, ajustes de roteiro, visitas técnicas e incontáveis trocas de mensagens. Cada detalhe é pensado, repensado e, muitas vezes, refeito. O trabalho começa dias, semanas e, às vezes, meses antes, quando ainda não há palco, mas já existe responsabilidade e comprometimento.

Nos bastidores, o cerimonialista carrega listas, anotações, versões diferentes do mesmo roteiro e a certeza que sempre tem que estar preparado para prever o imprevisto. Confirma presenças que mudam, adapta a composição da mesa, redesenha fluxos de entrada e saída, calcula tempos de fala e organiza gestos simbólicos que, aos olhos do público, parecem simples, mas são fruto de muito planejamento.

Ali, longe dos holofotes, nós Cerimonialistas, resolvemos o atraso de última hora, a autoridade que chega sem aviso, a que confirmou presença e não compareceu, a troca de lugares feita com discrição e a frase que precisa ser ajustada para evitar qualquer tipo de ruído. Aprendemos cedo que quem trabalha com cerimonial não organiza apenas eventos: media egos, traduz normas, acolhe inseguranças e sustenta a liturgia da instituição com serenidade e responsabilidade.

Os bastidores são feitos de técnica, planejamento e resistência; e muitas vezes, há cansaço, pressão, dor nos pés (afinal são horas e horas em pé), vontades fisiológicas reprimidas, muita concentração e responsabilidade. Se tudo acontece de forma fluida, ninguém percebe o esforço. E isso, paradoxalmente, é o maior reconhecimento possível pois o trabalho invisível cumpriu seu papel.

Mas também há muita emoção. O aperto no peito antes da abertura oficial, o silêncio respeitoso durante o Hino, o olhar atento que acompanha cada movimento. O sorriso só vem depois, quando a última autoridade se retira, o público se dispersa e o protocolo se confirma, intacto.

No fim, enquanto o público guarda a lembrança da cerimônia, o cerimonialista leva consigo algo maior: a certeza de que todo o trabalho silencioso, exaustivo e preciso permitiu que a instituição se apresentasse com ordem, dignidade e humanidade, mesmo que quase ninguém tenha visto.

 Regiana Esquiante de Figueiredo

Secretária Executiva/Cerimonialista

Membro do Comitê Nacional de Cerimonial e Protocolo - CNCP;

Organización Internacional de Ceremonial y Protocolo – OICP e Associação Brasileira de Profissionais de Cerimonial - ABPC

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