ARTICULISTAS

Correspondências

Renato Muniz Barretto de Carvalho
Publicado em 29/08/2022 às 19:51Atualizado em 18/12/2022 às 14:12
Compartilhar

Há quanto tempo você não recebe uma carta? Sim, daquelas colocadas debaixo da porta, que vinham dentro de um envelope, com seu nome num lado e o de quem enviou no outro lado. Para muitas pessoas era uma surpresa: “nossa, fulano, ou fulana, me escreveu! O que será que escreveu? Será que aconteceu alguma coisa?”. Para muita gente era um acontecimento prazeroso; para outras pessoas, nem tanto; às vezes, era uma amolação, uma má notícia.

Muita gente nunca recebeu uma carta, a não ser boletos de contas a pagar, folhetos de propaganda ou alguma correspondência oficial, sem contar as encomendas, entregues em domicílio. São completamente diferentes, não se compara. Cartas pessoais são exclusivas, personalizadas, esporádicas, a não ser que os correspondentes o façam com regularidade — coisa raríssima de se ver e, a cada dia, mais incomum. As cartas não desapareceram, mudaram de formato e de meio de transporte. Hoje, elas estão no mundo que denominamos “internet”, no celular, nas redes socais. Com algumas exceções, não são particulares, são repassadas, encaminhadas, compartilhadas, difundidas para um público imenso, às vezes em escala planetária.

Se você nunca recebeu ou enviou uma cartinha, não sabe o que está perdendo. Ainda é possível, mas não se sabe por quanto tempo. A carta depende de alguns fatores essenciais. Em primeiro lugar, da existência básica de duas pessoas: quem escreve e envia (o remetente) e quem recebe e lê (o destinatário). Além disso, papel, lápis ou caneta e envelope, pois não é recomendável deixar o conteúdo exposto. Antigamente, era muito comum a presença de selos — eles ainda existem, mas estão caindo em desuso. É pena! O selo, por si só, era uma mensagem, representada na escolha da estampa, na delicadeza do pedacinho de papel que, retirado do envelope, virava objeto de colecionismo, alguns valendo fortunas. Já era! Quem coleciona selos hoje em dia? E não se pode esquecer o carteiro, a pessoa dedicada a entregar as correspondências.

O que mudou? Sem dúvida, o aperfeiçoamento das tecnologias de comunicação, o aparecimento da internet e das redes sociais. De certa forma, o processo ficou mais fácil, mais acessível. Isso fez aumentar muito o tráfego de mensagens, desde uma figurinha até textos enormes, artigos, reportagens, fotografias, ilustrações diversas, vídeos, etc. Tudo contribuiu para a intensificação das trocas: da correspondência pessoal, íntima, às notícias falsas transitando em grande quantidade, a velocidade e o fluxo aumentaram de forma incrível, coisa inimaginável trinta anos atrás.

Quem tinha problemas para escrever cartas antes de 1990 continua com as mesmas dificuldades. Muita gente admite suas limitações para usar as redes sociais e usufruir das possibilidades oferecidas pelas novas tecnologias. O que se perdeu foi a surpresa, um tanto de carinho, de exclusividade. Embora nas redes se possa encontrar de tudo, ou quase tudo, como fazem falta as cartinhas, principalmente as de amor!

Renato Muniz B. Carvalho

Assuntos Relacionados
Compartilhar

Nossos Apps

Redes Sociais

Razão Social

Rio Grande Artes Gráficas Ltda

CNPJ: 17.771.076/0001-83

JM Online© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por