Ah, a quentura, a canícula, os tempos cálidos! Altas temperaturas pedem roupas leves, água de coco e outros líquidos, ficar à vontade debaixo de uma boa sombra, entrar numa piscina ou no mar. Esse é o lado bom do tempo quente. Tem lado ruim? Tem o suor, o cansaço, a preguiça, a prostração e a conta da energia elétrica.
Se puder, observe o movimento das ruas. Pouca gente se atreve a sair com esse mormaço. Quem não foi trabalhar foi para o clube, para a praia, para a roça ou, em última instância, para o boteco. Boteco é um lugar tão informal que você pode ir de bermuda, de camiseta e sem documento. É possível pegar uma daquelas cadeirinhas de aço, dobráveis, de propaganda de cerveja ou refrigerante, levar para a calçada, pedir um copo d’água gelada, pode ser da torneira mesmo, abrir a camisa ou suspender a camiseta mostrando a barriga, e deixar a vida passar, vagarosa. Pra que pressa? Só depois das seis da tarde, quando o sol se esconde, é que se cogita voltar para casa. Na hora de pagar a conta, não vá pedir fiado!
Vivemos num país tropical, vegetação exuberante, árvores grandiosas, o mato aqui cresce rápido, se espalha. No verão, a impressão que temos é de que vai chover a qualquer hora, vai cair uma pancada, vai desabar o céu. O vento forte confronta os passarinhos, derruba seus ninhos, quebra galhos, joga as mangas no chão, uma lástima. Quase sempre, a chuva vem com raios, poeira, desarmonia e desencontros. Parece o fim do mundo, depois tudo se acalma.
Ler um livro não é tarefa simples com esse calorão. Ficar muito tempo sentado na frente da televisão é um suplício. Se você tem crianças em casa e não tem piscina, leve-as ao quintal ou, em caso extremo, para a porta de casa, ligue a água numa mangueira e deixe-as se refrescarem. Elas vão adorar a brincadeira. Quando se cansarem, ofereça sorvete ou picolé e permita que se lambuzem.
Acredite, música alta só vai piorar o bafo quente. Se o volume alto ultrapassar o bom senso, a temperatura vai subir a níveis insuportáveis. Sabemos que a convivência entre os diferentes estilos, o entendimento na divergência, promove sintonias e esfria os ânimos. À noite, apague as luzes, vá para a varanda ou fique perto de uma janela para admirar o céu. Apenas contemple, não pense nas suas contrariedades. Não esquente a cabeça, deixe isso para tempos mais amenos, para o inverno.
Tome banho frio e se delicie — enquanto ainda tem água —, pense que você está economizando energia elétrica. Só isso já é capaz de trazer um alívio. Ah, reserve um tempinho para pensar nas mudanças climáticas, nas queimadas e no desmatamento. Afinal, é preciso refletir sobre esses assuntos, não é?
