Errar é humano! Eu, por exemplo, sei que sou humano quando erro, mas tem gente que se recusa a aceitar os próprios erros. Aí, eu fico pensando, se alguém não admite errar, esse sujeito não deve ser humano, talvez seja uma máquina, um muar ou um ornitorrinco. Hein?
Nós, os seres humanos comuns, os que erram, os que cometem falhas, que sofrem, que apanham, que caem, mas que se levantam, não devemos esconder os erros que cometemos. Os que não erram devem ser descendentes das máquinas inteligentes que os escritores de ficção científica dos anos 1950 disseram que iriam dominar os terráqueos no futuro. Vai ver, o futuro já chegou e esses imaculados indivíduos foram gestados por tais máquinas progenitoras, visto que não devem ser filhos de burros, pois esses não procriam. Pode ser que apresentem suas características, como robustez, resistência, monotonia, estupidez e raciocínio obtuso, podem até ter ideia de jerico, mas não são filhotes deles.
Desculpem, é que ultimamente eu ando irritado com os indivíduos que se julgam infalíveis, donos da verdade, guardiões de uma moral podre e ultrapassada, que têm inabalável confiança nas suas causas, que creem que suas propostas são as melhores, que suas análises são sempre válidas e vão adiante, sem saber sequer onde pisam. O problema é que muita gente vai atrás deles, sem crítica, desconhecem como funcionam a política, a heterogeneidade da vida, os encantos da natureza.
Em relação ao meio ambiente, às coisas relacionadas à vegetação, ao clima, à dinâmica das águas, são os que se colocam como portadores de incontestável sabedoria, mas é pura jumentice! Olham para uma bela árvore e dão o veredit “Cortem!”. Atravessam um curso d’água e dizem: “Canalizem, joguem o esgoto aí!”. Esbarram com uma floresta e decretam: “Desmatem! Queimem!”. Olham o céu azul e esbravejam: “Poluam!”. Esses se assemelham aos que o povo chama de burros: indivíduos intolerantes, imbecis, ignorantes, sem criatividade e sensibilidade. São os que fazem besteiras sem pensar duas vezes. Tem besteira que é difícil de corrigir, se tivessem pensado antes, como humanos comuns, não teriam feito. Arrebentam com o meio ambiente, com a vida, e não admitem. Envergonham-se disso?
Seres humanos reais, feitos de suor e sangue, de raciocínios e sentimentos, de erros e acertos, esforçam-se para enxergar o mundo a partir de perspectivas abertas e inclusivas, preocupam-se em entender o movimento, as transformações do tempo, as mudanças inevitáveis da realidade. Esses, que fazem autocríticas, que são flexíveis, que não pretendem impor dor e medo a ninguém, que não difundem ódio, cuidam da preservação das matas, dos bichos e dos pássaros que alegram as manhãs frescas e as tardes quentes, estão atentos à qualidade das águas e do ar, esses têm mais chances de acertar. Com muita determinação, diálogo e entendimento da diversidade existente conseguirão superar as limitações impostas pelos que não compreendem as utopias.