Para algumas pessoas, fazer escolhas não é algo simples. Pra mim, nunca foi. E pra você? Muita gente gosta de classificar, de organizar as encrencas que a vida apronta em fáceis, médias e difíceis. O problema é decidir o que é fácil e o que é difícil. Por isso, vamos deixar as complicações de lado, as questões amorosas, familiares e as econômicas, e vamos falar de coisas mais proveitosas: de lazer, de conhecimento e de leitura. Como escolher um livro pra ler? Já pensou nisso?
Tem gente que vai pelo título. É um bom critério, pois o título é um nome, ele constrói identidades. Com as pessoas é assim também; Renato, por exemplo, pode lembrar um professor que gosta de livros e de literatura, não é? Nomear faz parte da aprendizagem. Outro elemento importante é a capa. Tem gente que compra por causa de uma capa bonita, se tem desenhos, fotografias, cores... Tanto é que, geralmente, é feita por um artista e pode ser amor à primeira vista. Outros leitores escolhem pelo gêner romance, poesia, conto, crônica, literatura fantástica, infanto-juvenil, técnico-científico, livros de plantas, culinária, bordados, memórias... Quantas categorias!
Eu prefiro escolher pelo autor ou autora. É claro que o título, a capa e o assunto chamam a atenção, mas o ponto que sempre determinou minhas escolhas foi quem escreveu o livro. Existem mais variáveis, como a editora, a tradução, os prêmios recebidos, a época em que foi escrito, as críticas, as publicações em revistas especializadas e assim por diante. Complicado? Não, as outras escolhas também seguem padrões semelhantes.
Um ponto de destaque são as indicações pessoais. Quando encontro uma pessoa e começamos a conversar sobre livros, logo aparece uma sugestã “Estou lendo o livro tal, acho que você vai gostar!”. Pronto! Despertou a curiosidade, a gente pede que a pessoa conte mais, sem revelar o final, é claro! Por que gostou? Quem é o autor, a autora? A conversa flui, gostosa, sem pressa. Não é?
Foi assim, com interesse e entusiasmo, que me aproximei de muitos livros e de autores. Por exemplo, da obra do Lima Barreto, autor genial, inquieto e crítico, que escreveu livros essenciais para o entendimento da sociedade brasileira no começo do século XX. Do Patativa do Assaré, poeta do interior do Ceará, cego de um olho, agricultor, repentista que cantou o sertão do Cariri. Dizem que era capaz de recitar de memória, com a oralidade linda dos repentistas nordestinos. Da obra da Zélia Gattai, que era a “secretaria de um escritor famoso”, mas se revelou uma excelente escritora e nos contou suas memórias de forma tão generosa. Do Mário Quintana, da Clarice... E dos autores contemporâneos, que estão na peleja, que escrevem como a nos propor desafios e dos quais aguardamos ansiosamente sua próxima obra. É difícil escolher um só. E você, pode me indicar um livro?