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Parques urbanos: uma utopia necessária

Todas as pessoas — não importa se moradores de cidades grandes, médias ou pequenas

Renato Muniz Barretto de Carvalho
Publicado em 29/03/2015 às 11:43Atualizado em 17/12/2022 às 00:48
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Todas as pessoas — não importa se moradores de cidades grandes, médias ou pequenas — precisam de áreas verdes, de praças, de parques, de ruas arborizadas e de jardins. Os motivos dessa necessidade são conhecidos, relacionam-se ao conforto e ao bem- estar, à boa qualidade do ar, à preservação da água e à melhoria das condições da vida nas cidades. Trata-se de um processo dinâmico, que envolve fatores sociais, ambientais, econômicos e culturais.

Nem sempre as pessoas compreendem a importância das áreas verdes, apesar de sentirem os efeitos negativos do calor, da aridez, do vento e a falta do componente estético, um elemento subjetivo, mas igualmente relevante para melhorar a vida dos moradores das cidades. A ausência de cobertura vegetal é responsável pela perda da água que escorre, que causa inundações e a erosão tão danosa ao solo. As áreas verdes possibilitam locais de descanso, de leitura, de convivência e se prestam a inúmeras finalidades, todas elas benéficas e necessárias ao ser humano. Acima de tudo, fazem bem à saúde!

Algumas empresas não se convencem com essas razões e estão interessadas apenas no lucro imediato, na valorização dos terrenos. Muitos administradores públicos são sensíveis à pressão exercida por essas empresas e não viabilizam as áreas verdes; em alguns casos dificultam, até mesmo impedem sua implantação, ou não se importam com sua manutenção, deixando-as se degradarem.

Quando a população se mobiliza, os gestores passam a se preocupar com a pressão popular, e aí a questão pode ganhar outros contornos, mais favoráveis à presença das áreas verdes. Caso contrário, salvo alguma administração mais comprometida com o bem-estar da população, o que predomina é o asfalto, é o concreto, é o desrespeito às normas de ocupação e uso do solo urbano, é a corrupção e a defesa dos interesses privados.

A história de muitas áreas verdes nas cidades brasileiras nem sempre teve um final feliz, de consolidação como área de lazer e de vivência e de escape às tensões urbanas. Inúmeras áreas encontram-se abandonadas e degradadas. Algumas se transformam em estacionamento, espaço esporádico para circos e, não raro, objeto de intermináveis disputas judiciais. Várias, por sua localização, são, em termos do mercado imobiliário, verdadeiras “joias”, disputadas a tapa. Antes de qualquer interesse privado, essas áreas são importantes como parques públicos, abertos à comunidade, pois representam um valor humano e ambiental inestimável, que não se deve submeter a um valor monetário.

Quem decide a peleja? Quem conseguir se mobilizar de modo mais eficaz, quem conseguir exercer a melhor e a maior pressão. De que lado estamos? O que cada um quer? Mais prédios, mais calor, mais aridez, mais seca, mais trânsito, ou maior conforto ambiental, maior biodiversidade? O que queremos para o futuro? Mais concreto ou mais árvores? Mais calor ou mais água, mais flores e mais pássaros? São escolhas de vida e de mundo. Simples assim.

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