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Partiu

Renato Muniz
Publicado em 01/07/2024 às 18:16
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Vai viajar? Pra onde? Viagem longa ou curta? Não sabe? Só sabe que vai, né? Muita gente é assim, é como gostar de goiabada com queijo, receber um cafuné ou ler um livro envolvente. Viajar é tentador, é necessário, é… Sei lá! Tanta coisa.

Vai viajar por quê? Passeio ou negócios? Turismo ou assuntos familiares? Viagens são assim, algumas têm motivos específicos, urgentes, razões particulares, já com outras é simplesmente comprar a passagem ou abastecer o carro e pegar a estrada, sem rumo certo, sem roteiro, sem pressa. Conheço pessoas que programam uma única viagem por ano, pouco importa o destino, o que conta é a viagem em si, desde que aconteça. Outras pessoas viajam sem motivo aparente. “Deu na telha”, dizem, e viajam. Depois se preocupam em pagar as contas.

Vontade de viajar é como uma doença contagiosa, de repente os sintomas aparecem. A pessoa olha sites na internet, pega folhetos, sonha com algum destino, pesquisa o clima nas mais diversas regiões do planeta, e parte. Outras compram roupas sem precisar, mas já pensando na próxima viagem. Tiram a mala do armário, começam a pensar no que vão colocar lá dentro, pegam a roupa nova e se dirigem à porta de saída. Partiu…

Tem quem viaje só. Esses costumam aproveitar a viagem para reflexões, para meditar sobre a vida, o futuro, os dissabores e as bondades da vida. Tem os que só viajam em grupo, grandes ou pequenos, ostentosos ou discretos. Não é difícil identificar grupos de viajantes nas estradas, nos restaurantes, nos espetáculos teatrais ou nos hotéis. Está na cara, geralmente de satisfação.

Os estudiosos do assunto dizem que o ser humano sempre viajou e, de tanto viajar, ocupou a Terra inteira, de norte a sul, de leste a oeste. Claro que isso trouxe problemas, gerou conflitos, os viajantes acabaram se esbarrando, uns querendo ficar, outros querendo seguir em frente. Uns são expulsos de seus lugares, outros vivem de expulsar os que acharam um lugar para morar. Não é fácil.

Tem quem crie obstáculos à mobilidade. Por motivos variados, criaram-se fronteiras, aduanas, alfândegas, muros, bloqueios, passaportes, vistos, campos de refugiados, etc. Acho bobagem, o planeta é um só, e nós, viajantes ou não, somos meros ocupantes, passageiros, temporários. É triste não poder aproveitar a beleza do mundo, não poder conhecer, viver ou trabalhar em outros lugares, encontrar pessoas maravilhosas mundo afora. Então, se o dia nasceu ensolarado e bateu aquela vontade de ir ali na esquina ou até o outro lado do mundo, por que não? Vá!

Ter vontade de viajar é um sintoma a ser levado a sério e é preciso compreender os motivos de seu aparecimento. É preciso investigar se há irritação, dores, incômodos, tosse, febre, melancolia, olhar perdido no horizonte, falta de apetite. O remédio é fazer a mala e sair pelo mundo. Ah, pode ser de mochila.

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