Quem nasceu primeiro: o ovo ou… Não, a pergunta é outra: a faca ou o garfo? Junto com a colher, eis o famoso trio das refeições — embora ainda exista tanta gente que se alimenta com as mãos —, isso para quem tem o que comer, né? Arrisco a dizer que a faca nasceu primeiro, mesmo sem ter feito qualquer pesquisa histórica sobre o assunto. Ela está por aí desde o tempo em que os seres humanos moravam nas cavernas. As primeiras eram construídas de pedra, depois, surgiram outros modelos, vieram os cabos, o metal, o aço, a arte da afiação. Aí elas cresceram e se transformaram em espadas. Ah, não posso me esquecer do canivete, esse simpático descascador de laranjas.
O fato é que as facas nunca sumiram do convívio social, aguardando confirmação dos estudos antropológicos. Como ferramenta básica nas refeições, são imbatíveis, servindo tanto aos que não dispensam um churrasco quanto aos vegetarianos.
A roda: eis outro objeto simbólico da evolução humana. Quantos serviços prestados às diversas sociedades! Será que ela vai desaparecer um dia? A tecnologia encontrará um substituto para a famosa invenção? Mesmo que os automóveis desapareçam, as rodas vão continuar tendo alguma utilidade. Eu não consigo pensar o mundo sem elas. E você?
E o lápis? O que dizer desse objeto tão especial? É provável que não seja tão antigo quanto a faca e a roda, mas seu antepassado deve ter surgido quando era costume contar histórias desenhando nas paredes de cavernas, as pinturas rupestres. Foi antecedido pelo carvão, por argilas, rochas e, antes ainda, pelos dedos e mãos ávidos por retratar cenas de caça e do cotidiano dos primitivos seres humanos. Tal como se conhece hoje, deve ter surgido no século XV ou XVI, embora existam registros de seu uso entre os gregos e romanos há milhares de anos. Dizem que eram feitos de chumbo; hoje, usa-se grafite, dentro de um pedaço de madeira — e servem para escrever, desenhar, riscar e anotar recadinhos apaixonados. Quanto ao costume de se usar atrás das orelhas, serão necessárias mais pesquisas, mas isso fica para outra conversa.
O livro tem uma história mais conhecida e estudada. Também passou por uma longa transformação até os formatos mais utilizados nos dias atuais: de papel e eletrônico, o e-book. Tem gente que se acha capaz de prever o futuro e garante que o livro de papel vai desaparecer em breve. Pergunto: as facas, embora bem mais antigas, desapareceram? Você já ouviu alguém dizendo que o laser vai substituir as facas? Será que alguém vai descascar laranjas com uma ferramenta a laser no futuro? Existem previsões sobre o destino da roda? Lembrando que as rodas estão presentes nos carros, nos aviões, nas bicicletas, nos patins e em inúmeros objetos. Por que fazem previsões tão pessimistas e esmagadoras no caso dos livros? Não é estranho?
Renato Muniz B. Carvalho