As mudanças climáticas em curso são causadas por atividades humanas? É preciso cuidado com o uso desses termos, pois imprecisões podem confundir a cidadã mais precavida ou o cidadão mais bem informado, e vice-versa. Não são quaisquer atividades, é claro, refiro-me principalmente às queimadas, à poluição das águas, ao saneamento ineficaz, à liberação insensata de poluentes no ar, principalmente os resultantes do uso de combustíveis fósseis, e por aí afora.
O fato é que as transformações nos padrões climáticos são inquestionáveis, basta observar os noticiários e o tempo à nossa volta. Por via das dúvidas, criei o hábito de abrir a janela pelas manhãs e destinar um tempinho para olhar o céu, as nuvens e o vento que balança as folhas das árvores. Tento não me esquecer de fechar a janela, pois pode chover a qualquer momento ou vir uma nuvem de poeira indecente. Talvez a simples observação não me forneça muitas pistas, é necessário acompanhar os índices pluviométricos, a temperatura, a umidade, a direção e a força dos ventos, a intensidade das chuvas, etc. Ah, acompanhar as previsões meteorológicas é importante, mas deve-se tomar cuidado com as notícias falsas.
As mudanças aceleradas no clima têm assustado muita gente — mesmo quem não acompanha boletins ou debates, mas percebe o vento no rosto, o frio na pele, o ar seco na garganta e nos olhos. Estamos tendo de aprender a conviver com coisas como chuvas abundantes e inesperadas, frio cortante e rigoroso ou um calor escaldante, seja lá o que significam essas sensações e fenômenos.
Hoje à tarde, quando fui fechar a janela do quarto, parei para pensar nessas questões. Não sei quanto tempo fiquei absorto, encantado com o movimento das nuvens escuras, seduzido pelas cores do horizonte. Foi como se eu tivesse adormecido em pé, apoiado no beiral da janela. Foi naquela hora em que o dia escurece de vez, inevitavelmente, e em que a gente recorda o que fez durante o dia todo e pensa no que vai fazer no dia seguinte. Já aconteceu com vocês?
Só me dei conta que sumi por uns minutos quando soprou um vento frio e me lembrei que tinha de fechar a janela. Acontece, às vezes. A consciência ganha vida própria e resolve pedir um descanso. Sei lá! Sim, o frio estava chegando. Indaguei-me onde tinha deixado a coberta que eu usaria logo mais e que passou uns tantos meses esquecida no fundo do armário. Faria uma sopa de legumes no jantar ou tomaria um copo de leite quente com torradas? Tinha leite na geladeira?
A chegada do frio traz mais impacto do que o calor para aqueles que vivem no Cerrado, acostumados com altas temperaturas, chuvas de verão, baixa umidade. Apesar de desconfiar que o frio será intermitente, inconstante, nunca me acostumo. O nosso inverno, principalmente daqui pra frente, será sempre uma incógnita.