As redes sociais e a internet, de modo geral, ainda são uma novidade quanto às suas possibilidades de comunicação e de facilitação das relações humanas. Faltam, no entanto, mais pesquisas e análises para elucidar o que se passa aí dentro, para um melhor entendimento sobre o que motiva suas infinitas postagens. Pairam sobre sua sistemática e suas características muitas dúvidas e algumas certezas. Uma delas é a garantia de que não devem existir censura nem controle e vigilância sobre a vida das pessoas. Como meio de informação, vão se tornando uma boa alternativa à mídia tradicional, ampliando o livre-arbítrio, a interação entre as pessoas e a difusão do conhecimento.
Algumas questões instigantes, talvez impulsionadas pelo caráter aberto, inovador e, ainda, pelo relativo desconhecimento de todas as suas potencialidades, são aquelas colocadas pelo comportamento das pessoas no espaço público proporcionado pelo funcionamento das redes. Assunto para a sociologia, para a antropologia, para a psicologia, etc.
Uma preocupação refere-se à disseminação de atitudes consideradas socialmente ofensivas, como as expressões de violência, de discriminação e de fascismo, que, aliás, não são exclusivos desta mídia. Para garantir a liberdade de expressão e um bom debate, penso que todos têm o dever de se manifestar, têm o dever de expor e de denunciar qualquer atentado contra a plena realização humana, contra a liberdade, contra a vida. Não se pode achar normal a ignorância, o estupro, a bestialidade, o obscurantismo.
Infelizmente, algumas das falas postadas expressam o que de pior existe em termos de convivência humana, são a mais pura expressão do pensamento reacionário, revelam uma visão patriarcal do mundo, concepções do passado que ainda persistem na nossa sociedade, para infelicidade de muitos. São falas agressivas contra as mulheres, contra minorias, etc. Na essência, disseminam atitudes retrógradas e antidemocráticas. Não sei quais são as razões que levam as pessoas a destilar ódio, a praticar agressões, a tentar impor visões deturpadas e ultrapassadas do mundo, invadindo postagens alheias, espalhando panfletagem reacionária, como se fosse uma missão religiosa, uma cruzada petulante. Deveriam se dedicar a fazer discursos em cima de caixotes, a escrever o que quiserem, mas nas suas linhas do tempo, nos botecos, no seu círculo mais próximo. Deveriam pensar duas vezes, conversar com os amigos, ler mais e refletir antes de sair por aí postando qualquer coisa.
Não espero unanimidades nem concordância plena com relação a assuntos controversos, polêmicos, mas, postar textos, fotos e vídeos, difundindo machismo, ódio e preconceito, é muito triste! É importante discutir todos os temas, dizer o que se pensa, mas é preciso respeitar o direito das pessoas de pensar e de ser diferentes. Defender ideias é salutar, mas sem ofensas pessoais e sem agressões. Antes de tudo, não é correto, de forma alguma, compactuar com visões anacrônicas do mundo, com o sexismo, o racismo ou quaisquer espécies de preconceitos!
