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Terno e gravata

Renato Muniz
Publicado em 24/06/2024 às 20:09
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Dizem os entendidos no assunto que foram os romanos que inventaram tão distinta vestimenta: ternos e gravatas. Segundo exaustivas pesquisas, foi o senador romano Ternus Engravatadus o primeiro a se apresentar assim, vestido para um discurso no parlamento. As más línguas afirmam que tudo aconteceu após uma dura sessão de votações relacionadas à indústria têxtil, quando o senador Ternus resolveu se despir do tradicional lençol branco, então a veste comum na época, em plenário. Em seguida, encomendou a um alfaiate um terno e uma gravata. Não existem registros iconográficos, mas testemunhas da época afirmam que era um terno cinza. Isso causou um verdadeiro alvoroço, mas a nova roupa caiu no gosto dos tribunos. Tornou-se o tema da hora, dominou os debates. Há registros de que um alfaiate famoso ofereceu aos membros do egrégio Senado presentes valiosos para quem abandonasse os lençóis nas concorridas sessões daquela respeitável instituição. A moda pegou.

Com o passar do tempo, tornaram-se vestimentas de uso obrigatório. Ah, esses romanos! Legaram-nos aquedutos, as corridas de bigas, além do latim, é claro. Gostaram da informação? Crônica também é cultura.

Como tudo depende da interpretação do contexto e da geografia, outros entendidos nos assuntos de etiqueta e elegância dizem que foram os antigos habitantes de Atlântida que inventaram os ternos e gravatas. Como nunca fazia frio naquela região, alguns antropólogos constataram que era comum o nativo usar somente gravatas. Essas eram muito compridas, a fim de cobrirem as vergonhas e outras sem-vergonhices. Daí vem a ideia de que ternos e gravatas servem para se evitar constrangimentos nas mais diversas situações sociais.

Na Idade Média europeia, terno e gravata passaram a ser usados pelos mensageiros reais. Já os monarcas se vestiam de forma espalhafatosa, usavam perucas brancas cheias de tranças, coroas pesadíssimas cravejadas de pedras preciosas, roupas extravagantes, capas compridas, dessas que os super-heróis usam, e mantos ancestrais bordados a ouro. Será que lavavam essas capas? E as tais perucas?

O tempo passou e os burocratas dos reinos dominaram as monarquias e impuseram o uso de terno e gravata como itens obrigatórios nas demandas e relacionamentos com as instituições oficiais e nas festas de formatura. Alguns cronistas dizem que fiscais ficavam plantados nas portas das repartições munidos de uma fita métrica. Tinham a função específica de medir escrupulosamente os trajes. Somente tinham sua entrada liberada os que estavam vestindo tais roupas nas medidas e modelos regulamentados pelas normas vigentes. E não tinha apelação: ou se cumpria a norma ou voltavam pra casa os displicentes e os avacalhados. Nessa ocasião, ninguém ligava para sapatos, era permitido entrar nas audiências de botina mateira ou de chinelo de dedo.

Hoje em dia, diminui o número dos que usam tais vestes. Estão caindo em desuso? Será o fim do terno, da gravata e dos engravatados? Se for, pode ser o fim de uma era. Quem viver verá.

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