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Yoga para plantas

Renato Muniz B. Carvalho
Publicado em 03/06/2024 às 18:18
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Espantou-se com o título? Título bom é assim, deve surpreender o freguês, envolver os leitores, corar o semblante circunspecto dos mais tímidos. Talvez, no decorrer da leitura, você perceba que tudo não passa de marketing ou, na melhor das hipóteses, uma estratégia para atrair leitores. Às vezes, é necessário um esforço para fazer os distraídos prestarem atenção no texto.

Acredito que, se houve espanto, foi por conta do inusitado da coisa, né? Afinal, árvores fazem yoga? Imagine vasinhos de violetas praticando corrida de rua, antúrios jogando basquete, espadas-de-são-jorge praticando esgrima ou cactos dançando ballet clássico, qual é o problema? Se nós podemos, se os animais ditos de estimação podem, por que não as árvores e outros tipos de plantas? Nosso tempo não aceita mais qualquer tipo de discriminação. Em caso de dúvida, pergunte a elas. Sabe aquele abraço gostoso que você dá na mangueira que há no quintal da sua casa? Ah, não tem quintal? Mora num prédio de apartamentos? Então deve ter uma sibipiruna na calçada; vai lá, aproveite e pergunte se ela topa fazer yoga. A imaginação está solta, os tempos da censura ficaram para trás, “ninguém manda em mim” é o que dizem os adolescentes rebeldes. Sim, ainda existem e ainda têm o mesmo discurso insubmisso.

Na verdade, praticar yoga é uma operação viável para uma árvore. Já viu cachorros se exercitando? É fácil. Eles brincam, correm atrás de bolinhas, nadam – sim, existe natação para cães –, apostam corrida e fazem yoga, desde que devidamente instruídos para tanto. E um porquinho-da-índia? Esses bichos fofinhos ficam entediados quando moram em apartamentos e não têm de passar a vida fugindo de predadores ou lutando para conseguir comida. O jeito é colocá-los para fazer ginástica: pular obstáculos, passar por túneis, labirintos, brincar em rodas de exercícios. Numa dessas, o simpático roedor pode ficar horas girando sem sair do lugar. Também existem cursos de yoga para cavalos. Ao invés de correrem soltos por belas pradarias, como se estivessem num filme de faroeste, esses animais permanecem boa parte do seu tempo livre – que ironia! – presos em baias. Resultado: ficam estressados. No caso dos vegetais, o instrutor é que se encarregaria de conduzir os movimentos, até aprenderem por conta própria. É simples.

Como se sabe, a vida tem dessas coisas, tudo muda; num dia era de um jeito, no outro já mudou. Daqui a pouco, conversaremos sobre qual é a melhor idade para um animal de estimação ter o seu próprio celular. Afinal, já discutimos sobre qual a música mais adequada às plantas: rock, jazz ou música instrumental. E falando em mudanças, eu gostaria de ensinar os vegetais e os animais a ler livros, pois a quantidade de leitores está diminuindo. Nesse ritmo, ou nós os ensinamos a ler ou eles vão nos ensinar a latir, trotar, dar a patinha, balançar os galhos e muito mais.

 Renato Muniz B. Carvalho

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