Na casa do Pai há várias moradas. Certamente que as possibilidades de as habitar despendem da disposição de se conduzir para alguma delas. Caminhar, ainda que vagarosamente, mas buscando sempre luz, como as plantas buscam o sol. Não é o Deus universal que virá para nos resgatar, somos nós que, por livre arbítrio, devemos fazer opção de deixá-Lo brotar pela sua semente depositada em cada um de nós e rumar ao seu encontro. O Natal está aí, trazendo a lição do Menino Jesus, que veio a nós para apresentar o convite da Boa Nova, apontando a trilha que possibilita seguir para a morada do Pai. E sofreu, como exemplo. O Pai não interferiu no seu sofrimento, para que pudesse cumprir sua sina terrena. Portanto, o sofrer, tão incompreendido pela leitura intelectual de um Deus matemático, comercial, de “toma lá dá cá”, jamais será admitido ou absorvido ante os parâmetros materiais dessa pequenina Terra imersa na dimensão infinita do universo cósmico. Neste universo há várias moradas, certamente. A regência maior do cosmos torna incompreensível o Deus verdadeiro e intangível ante a razão dos materialistas menores, que somente creem no que veem ou tocam. A prisão a esta dimensão pelo ódio, pela inveja, pelo orgulho que impede o perdão e o arrependimento, dentre tantas outras limitações mundanas, mantém os espíritos como primitivos da alma. Esta que precisa e merece ser purificada numa catarse, serena ou sofrida, mas que vise sempre evolução no caminho apontado pelo Menino Jesus que nasce. Afinal, ele propôs a compaixão na dor e no amor para que se possa romper o limite dos parâmetros da Terra e se alcançar o além no universo figurado pelo nome de céu. Libertemo-nos, então, das nossas almas primitivas para lapidá-las numa escolha consciente. Deixemos o Menino Jesus renascer em nós. Feliz Natal!
Ricardo Cavalcante Motta