A vida é feita de escolhas, Sim ou Não. Todavia, há um certo preconceito em face do Não. O Sim é mais simpático, harmonioso, favorável, gera contentamento imediato, diferente do Não que é contencioso. Enfim, o Sim é ladeira abaixo, geralmente não demanda esforço ou reflexão apurada, pela sua feição de positivo imediato. Afinal, é permissivo e por isso recebe facilmente o abrigo da simpatia geral. De modo diverso, o Não é ladeira acima. Importam superação e conquista para ser consumado, para ser admitido e absorvido. Todavia, convenhamos, o Não, para se impor, precede de ponderação, pensamento, modo de se expressar, seja para não magoar, seja para não agredir, ou seja, para admissão íntima quando dito por si para si mesmo. Nessa conjuntura, para se constituir, há de ser substancioso, consistente, senão é recusado. Com efeito. O Não é ladeira acima. Todavia, quem almeja o topo há de subir. Nesse sentido, o Não pode até o levar mais longe. Se bem pensarmos, o Não também constrói o fato positivo. A cada Não que se profere, mesmo diante de eventual desagrado imediato, decorre um efeito de opção pela superação que impõe. Afinal, não é em vão que o Não é reiterado nos mandamentos divinos, que apontam para a construção do bem. Quando se diz um Não a si mesmo, está se definindo uma escolha ponderada, geralmente optando por um caminho mais árduo, todavia, provavelmente mais construtivo. Não exceder, quando mais agradável é não se impor limites. Realizar, quando mais cômodo é o ócio. Há, contudo, que se ficar atento para se evitar o Não covarde, escudo para acomodar “o medo de ser feliz”, temeroso do Sim desafiador. Nesse contexto, o resultado de uma má escolha entre Sim e Não pode gerar um ônus a ser suportado por toda a vida. Assim, atento entre Sim e Não, alcançar a realização da paz interior, da liberdade, da definição consciente do próprio caminho. Resumindo. Sendo seguro de que não se acerta sempre, é preciso ter em mente que a vida é a solução da equação de nossas reiteradas escolhas. Atenção.