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A vizinha cidade

A coisa cheira aí uns 50 anos...

Tharsis Bastos
Publicado em 24/05/2013 às 19:43Atualizado em 19/12/2022 às 12:53
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A coisa cheira aí uns 50 anos... Lembro-me dos lojistas de Uberaba torcendo o nariz e deixando de vender a mercadoria a quem apresentasse, como pagamento, um cheque de banco da praça de Uberlândia. Era certeza de calote!

Lembro-me também da infeliz ideia que tivemos, no escritório uberabense da TV Globo, de permutar um carro (Ford Landau, último tipo) com a Derenusson por propaganda na poderosa Rede. O carro atendia aos interesses do presidente da TV, mas fui alertado pelo proprietário da concessionária, o saudoso Léo Derenusson, que a placa do veículo deveria - eternamente - ser de Uberaba, pois ele, Léo, incorria em risco de invasão de praça junto à família Ford. Garanti que a placa seria de Uberaba. Ledo engano... Bastou uma semana do carro em Uberlândia e o diretor da Globo já rodava pelas ruas com uma placa uberlandense... - Placa de Uberaba??? Nem pensar...

E lembro mais ainda, de quando os carros da emissora rodavam pelas ruas de Uberaba, naturalmente com placas de Uberlândia, e a cada esquina um ou outro motorista da terra colocava a cabeça para fora e gritava a plenos pulmões: Aí Uberabinhaaaaaaaaaa!

As coisas hoje mudaram um pouco. Um pouco... Nas rodas que frequento em Uberaba, chegamos à conclusão que o argumento “qualidade de vida” serve muito bem para escorarmos, mal e mal, nosso conformismo ao ver a “vizinha cidade” disparar nos índices econômicos do país. Uberlândia, segundo os entendidos em economia, já deixou Ribeirão Preto para trás faz tempo... E em Minas Gerais é a segunda cidade do Estado, à frente de Juiz de Fora, Betim e Contagem...

Conversando com o Karin Mauad, que é craque em economia, perguntei-lhe qual seria o PIB de Uberaba no último ano. Ele me disse que seria algo em torno de 6,4 bilhões de reais. A outro amigo, tenente da aeronáutica, investiguei qual é o movimento mensal de passageiros no aeroporto de Uberaba. Algo em torno de 3 mil viventes... Como viajo muito, fiz perguntas similares a amigos de Uberlândia. As comparações nos envergonham... Deixo de registrá-las por simples e pura indignação!

Minha indignação não vem da desproporção econômica. Há muitas décadas já me conformei que nós, uberabenses, decidimos que nossa luta “contra” Uberlândia se daria no terreno do IDH (o índice que mede a qualidade de vida) e até aqui, mal e mal, estamos vencendo essa “briga”. A diferença é mínima (0,834 X 0,830)...

Minha indignação é que devíamos plagiar o slogan, “quem não é o maior tem que ser o melhor!” E não estamos sendo tão competentes nisso. Uberlândia, como todos sabem, é a campeã regional dos assaltos à mão armada... A campeã regional de evasão escolar... A campeã regional de acidentes de trânsito com vítimas fatais... De número de homicídios/dia... E ainda: ocupação desordenada de área urbana, superlotação de transporte urbano... E, mesmo assim, temos míseros 0,004 de diferença em IDH ???

Fica aí, para nosso amigo Paulo Piau e seu valente quadro de secretários, uma questão a ser analisada com muito carinh Ao invés de jogar todos os investimentos do orçamento no “crescimento” de Uberaba, por que não jogar todos os esforços numa administração voltada a melhorar “o que aí temos”???

Se fizermos uma pesquisa em Uberaba sobre os índices demográficos, veremos que a cidade deixou há tempos de registrar aquele crescimento absurdo de décadas atrás. Estamos, como se diz na área acadêmica, “engordando a pirâmide”... Ela cessou o crescimento demográfico! Não posso afirmar com certeza, mas acredito firmemente que uma pesquisa de opinião pública mostraria que a maioria dos uberabenses iria preferir uma vida melhor a uma cidade maior...

Deixo aqui a sugestão. Além de um fato que me veio agora à memória. Semanas atrás, dirigindo o carro pela avenida Rondon Pacheco, em Uberlândia, eu pensava exatamente nessas coisas. Pensei no velho Alexandrino Garcia esticando fios nos postes de Uberaba para fincar aqui sua companhia de telefone... No quanto de tempo perdemos... Quando notei, à minha esquerda, a logomarca e um belo prédio da UNIUBE... Soltei um longo suspiro de alívio... Pensei comig boa, Marcelo! Nós ainda reagimos!!!

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