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De Barões & Abutres

É uma coisa miserável. Os partidos políticos em nosso país se juntam em torno de pessoas...

Tharsis Bastos
Publicado em 12/08/2016 às 21:20Atualizado em 16/12/2022 às 17:46
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É uma coisa miserável. Os partidos políticos em nosso país se juntam em torno de pessoas e não em torno de ideologias.

Sufocado o projeto que impunha cláusulas de barreira à formação de agremiações partidárias, o que se viu em nosso país foi uma proliferação de nanicos. Legalmente hoje temos 35 partidos. Mais uns 20 em gestação. Uma sopa de letras.

Para um observador mais distraído, seria um fenômeno encantado de explosão democrática, pulverizando-se em miríades ideológicas. No fundo, trata-se apenas de um negócio. É só dinheiro, mesmo. O jogo é de um pragmatismo diabólico e provoca resultados catastróficos.

Os pequenos barões das províncias brasileiras buscam contatos nas capitais dos estados ou na Meca da podridão, chamada Brasília. Ali, sentam-se à mesa dos retentores de siglas partidárias e discutem o preço de cada agremiação.

Numa cidade de porte médio, como Uberaba, o jogo consegue, só como exemplo, enfeixar oito siglas nas mãos de uma pessoa. Mais cinco nas mãos de outra. E não é diferente nas demais cidades brasileiras.

O valor? Bem, aí depende do tamanho e da importância da cidade do comprador. Corrutelas perdidas nos grotões brasileiros, sai por 30, 50 mil cada sigla. Já cidades maiores, com eleitorado expressivo, a coisa pode variar de 200 mil até dois milhões de reais.

O mesmo desavisado observador indagaria: e qual o motivo de se investir tamanhas quantias em siglas partidárias? Na argumentação mais pedestre, a resposta é apenas uma: interferir, mandar na administração dos municípios. E locupletar-se dos “lucros” gerados pelos orçamentos milionários.

A catástrofe advinda desta prática, que me referi acima, é o enojamento e consequente distanciamento das pessoas de bem, que fogem de política e políticos como o diabo da cruz. E assim o campo vai ficando cada vez mais aberto aos barõezinhos das siglas.

Dona Efigênia, moradora do distante Marajó, vai até a lotérica com seu carnê nas mãos e saca de entre os peitos o suado bolinho de notas, pagando a parcela do IPTU. Um dinheiro recebido às custas de roupa lavada para as famílias mais ricas. Ou recebido após uma jornada estafante de faxinas domésticas.

É deste dinheiro que se nutrem os calhordas, proprietários de siglas. Que Deus se compadeça de suas almas...

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