Dois analfabetos

Tirante a raríssima hipótese de eu estar sendo lido aqui por um PhD em Física, lamento profundamente informar ao caro leitor que somos, eu e você, dois analfabetos medievais. A evolução da ciência nos últimos anos, notadamente neste atual século, colocou-nos, por sua espantosa velocidade, neste triste patamar. Senão, vejamos:

Aquela nossa noção de que um átomo é nada mais que um pacotinho de prótons e nêutrons sendo orbitado por “bolinhas” de carga negativa chamadas elétrons já caiu do galho... Os atuais tratados e compêndios da física quântica ensinam que os elétrons, aquelas bolinhas, são também cordas em forma de ondas. Isso mesmo! Podem ser as duas coisas: ondas e partículas!

Difícil de entender? Ora, amigo, isso não é nem o começo... Através de experiências, principalmente de uma, chamada “dupla fenda”, a ciência já concluiu que uma partícula dessas “ondas” pode estar em dois lugares ao mesmo tempo... Hummmm? Você está espantado? Espera... tem mais! As mesmas experiências comprovam que todo este sistema age de uma forma cíclica e esta forma MUDA DE CONFIGURAÇÃO quando está sendo observada!

Eu e você, caro companheiro de analfabetismo, não temos ainda a dimensão do que este novo mundo está inovando e ainda irá inovar com tais descobertas. Para citar só alguns exemplos, a nova geração de chips eletrônicos, a revolução total na miniaturização de placas processadoras de altíssima velocidade... e ainda o salto para este novo universo que se avizinha, chamado “computação quântica”.

Para uma criatura que ainda ontem estava trepando em árvores para escapar do ataque das feras, o ser humano chegou a este milênio com avanços jamais imaginados. Hoje já se planeja, com seriedade, a colonização de Marte e há cientistas debruçados sobre a possibilidade de viagens quânticas, aquelas onde é suprimido o fator “tempo”...

Não, não estou aqui falando abobrinhas, é real, é verdade, está acontecendo!

Eu acredito que Deus, o grande arquiteto de tudo isso, faz com que essas portas de conhecimento se abram paulatinamente, para reforçar em cada um de nós o sentimento de humildade. É por isso que digo me sentir, apesar de todo o esforço de aprendizado em uma vida, um impotente analfabeto ante essa nova era. Mas, ao mesmo tempo, me sinto vaidoso da nossa espécie e reforço ainda mais minha ideia de que não fomos feitos para pequenas coisas. Bendito é o Senhor em sua grandeza!