“E então? Vem o Pizzolato e vai o Batisti?”
“E então? Vem o Pizzolato e vai o Batisti?”
Aos fins de semana, para fugir ao tédio avassalador que BH e suas montanhas provocam, juntamo-nos em um bando de apreciadores de malte, em torno de uma mesa decente. O amigo leitor há que compreender serem fictícios os nomes, vez que não tenho autorização de mencioná-los.
Um deles, porém, é obrigatóri Trata-se do Léo, a quem, coerentemente, endereçamos todas as questões propostas. E ele, coitado, coerentemente também, não consegue responder nenhuma. São perguntas ao Léo...
Jonas, compenetrado e cofiando o cavanhaque solene, apostou que o PT jamais fará a troca. “Seriam dois tiros contra o mesmo pé. Iriam punir, ao mesmo tempo, tanto o Pizzolato como o Batisti. Dois velhos amigos do establishment.” Concordei com o raciocínio. O melhor a fazer, pela ótica dos atuais mandantes, é deixar a poeira da prisão do ex-diretor do BB se assentar. E esquecer. Restou a dúvida, compartilhada pela mesa, que talvez os italianos não queiram esquecer... e forcem uma barganha... Mas, enfim, diplomacia existe é para isso mesmo. Muzzarela pra lá, Aliche pra cá e, vamos levando...
E daí, afinal quem é o patrão do Tony Ramos???
A princípio, na mesa, houve alguns segundos de espanto. Mas foi rápido. A turma é culta e politizada e não demorou muito para espocarem as gargalhadas. O segredo de polichinelo, que envolve as atividades do frigorífico FriBoi, foi ironizado por Beto, dono de uma natural, pacífica – e enganadora – tonsura clerical: “Dizem, que na sua terra (apontou para mim e certamente mencionava Uberaba) os grandes leilões de gado são esvaziados imediatamente, tão logo entra no ambiente o patrão do Tony Ramos! O cara não dá chance pra ninguém e arremata tudo, a qualquer preço!” Cabeças balançavam pesada e ritmicamente em torno dos copos. Todos constrangidos com mais um dos dramas de nossa época. Coisa de gente bem informada. Se o leitor se der ao trabalho – e achar que vale o tempo perdido – é só ir ao Google e digitar duas palavras: “Lulinha – Friboi”. O resto, dona Web conta.
Diga lá, o X-Man será socorrido?
Na nossa roda, X-Man é o rapaz que a Forbes dava como um dos mais ricos do mundo. Aquele que aceitou a mulher sair pelas ruas com uma coleira, com seu nome impresso. A pergunta tinha sentido, porque, afinal, o mimado Eike, com suas X-empresas – sempre, sempre – ocupou o topo da lista dos doadores de campanha da turma da estrela vermelha.
Da mesma forma que seu pai, antes, esteve – sempre, sempre – ao lado dos generais mandantes, para quem carregava maletas e a quem levava segredos de nosso subsolo. Daí o comentário do ponderado e idoso “Professor”, também presente em nossa confraria: “Isso é igual dinheiro de bordel. Vem fácil. Facilmente vai... O Valério sabe disso...”
Mas, na mesa, ninguém quis acreditar que o bonitão “all-X” venha a ser socorrido. Pelo menos de forma oficial. Até porque (isso foi consenso) para quem recebeu, de mão beijada, uma lista dos maiores segredos minerais do subsolo brasileiro e não conseguiu manter a imensa fortuna daí advinda, o melhor mesmo é ir buscar novas gargantas, para novas coleiras. E encerrar a vida com dezenas de milhões na conta... “Tá pra lá de bão !”, arrematou Julinho, que é lá de Cordisburgo.
A bem informada mesa, com seus – já a esta altura – alegres degustadores, foi desfeita num átimo. A nova questão levantada esvaziou o ambiente:
E então, quem paga a conta hoje?
Na volta pra casa, com a voz meio engrolada pelos excessos da tarde, não consegui deixar de comentar com um espantado taxista: “Quem paga a conta, somos todos nós, meu amigo...”
(*) Jornalista