Vejo as cidades brasileiras preocupadas com os nossos irmãos que roubam, que assaltam, que surrupiam o bem do alheio. A situação de indigência de nosso povo assume proporções africanas e, para cobrir nossa vergonha nacional, para não dar o nome verdadeiro das coisas, criamos este novo componente dos estudos sociológicos atuais: o “estado de insegurança”.
Aqui na terrinha, o moderno grupo “Acorda Uberaba”, criado para levar às ruas os insatisfeitos com o PT e seus governantes, decidiu espichar um pouco seu raio de ação. Está propondo um movimento comunitário para formar um tipo de “Fundo da Segurança Pública”. Este fundo seria formado com um naco a ser retirado do salário de cada um dos 14 vereadores...
Eu não sei quanto um vereador de Uberaba recebe por mês. Digamos que seja algo em torno de 15 mil reais (???). Se você retirar 20% de cada salário, terá uma contribuição de 42 mil reais por mês para o mencionado fundo. É uma quantia irrisória, porque, sabemos, o aparelhamento ideal de um sistema de segurança custa dezenas de milhões de reais por ano.
Sei muito pouco sobre o assunto. Acredito que este tema é altamente complexo e deve ser analisado por profissionais. No terrível avanço da violência, não cabem meias medidas. Porém, mesmo não sendo um “expert”, nada me impede de fazer uma sugestão aos coordenadores do simpático “Acorda Uberaba”:
Houve um tempo em nossa região que pavimentos de estradas foram feitos com ICMS de empresas. Centenas de quilômetros, principalmente no Pontal do Triângulo, foram asfaltados por indústrias (principalmente usinas de álcool e açúcar) e as mesmas pagavam as obras com um percentual do que deveriam pagar ao Estado através do ICMS. Ou seja, “a presença do Estado foi substituída pela iniciativa privada”. Quem precisava das estradas asfaltadas (as usinas) acelerou o trabalho de quem deveria fazer e não fazia (o Estado).
A Segurança Pública é dever do Estado. Mas este não está cumprindo seu dever... Os industriais, aliás todos empresários de Uberaba, padecem, como todos nós, sob o efeito da escalada da violência. A partir dessa constatação, creio que bastaria ao esforçado grupo do “Acorda Uberaba” somar dois com dois. E teria então um “Fundo de Segurança Pública” bem mais adequado para enfrentar o problema.
O esforço de mobilizar a população cobrando os vereadores deveria ser utilizado na coleta de milhares de assinaturas dos uberabenses, cobrando do Estado a autorização para utilização de parte do ICMS aqui gerado, na nossa segurança!
Visualize aí: cerca de mil e duzentos guardas municipais armados, profissionalmente treinados, equipados e motorizados patrulhando nossas ruas. Com o salário dos edis não dá. Com 10% de todo ICMS gerado no Município, dá e sobra! Sobra inclusive para fazer propaganda bem-bolada na Globo, levando a população a amar, entender e respeitar sua “polícia local”...
Quem sabe, sem o inferno dos bandidos rondando nossas vidas, encontremos tempo para tocar o verdadeiro projeto que o Brasil precisa: 100% das crianças nas escolas em tempo integral! Uberaba daria um belo exemplo.
(*) Tharsis Bastos
Jornalista