Venho acompanhando, aqui pelo JM (online) a quizumba
Venho acompanhando, aqui pelo JM (online) a "quizumba" criada em torno das eleições 2012 para prefeito de Uberaba. O eleito, Paulo Piau, cantarola versos do Chic "quantas guerras terei de vencer por um pouco de paz..." E o derrotado, Lerin, prefere assoviar Lupcíni "mas enquanto em meu peito houver forças eu não quero mais nada, só vingança, vingança, vingança aos santos clamar..."
Pelo que entendi, das reportagens, a briga se dá em torno de uma denúncia de compra de votos, na qual sequer o Ministério Público quis dar crédito. Ou seja, após a avaliação dos fatos pelo denunciante, após a formalização da denúncia, instauração de inquérito, levantamento de provas, arguição de testemunhas, acareações necessárias, etc,etc... os senhores promotores concluíram que o processo não tem cabimento. O Sr. Juiz seguiu a decisão.
O que faz então o deputado Lerin? Decide levar a sua causa para a instância superior, ou seja, jogar nas mãos do Tribunal Estadual a segunda opinião. Fico imaginando se, mesmo perdendo em BH - e havendo ainda possibilidade jurídica - não remeterá a "quizumba" para o planalto brasiliense...
Haverá, certamente, aqueles mais apaixonados que verão nesta insistência do nobre deputado estadual, o significado da certeza, da coerência e da crença profunda em sua denúncia. Afinal, quando se acredita demais em uma causa, manda a lógica que por ela combatamos enquanto nos reste forças. Esta insistência, esta verdadeira canseira que dá ao seu adversário, seria a forma de Lerin expressar para si mesmo, e ao mundo em volta, que acredita no que apregoa...
Mas, com todas as vênias e reverências que o derrotado merece, sinto-me, como antigo observador de campanhas políticas, na obrigação de levantar uma ou outra hipótese.
"Quem muito deve, muito explica". Esse ditado não está escrito em nenhum apêndice de literatura brasileira pelo simples fato de ser meu... É. De minha autoria. Criado agora e colocado entre aspas apenas por ser um ditado. Dou a quem quiser o direito de reproduzir sem a necessidade de roialtyes...
Não sei quantos e nem quais argumentos, números, projeções e gráficos o deputado Lerin usou para convencer seus patrocinadores de campanha. Que também não sei quais foram. Não posso sequer imaginar o volume de lágrimas derramadas e batalhas travadas em busca de tais apoios. O que eu sei - e sei bem - é que uma campanha de dois turnos custa uma pequena fortuna e o deputado Lerin, ao que consta, não tinha uma fortuna propriamente sua... Tinha sim, por certo, argumentos fortes para dobrar a graúda gente que abasteceu sua campanha. E aí, veio a derrota. Como se explicar???
Deixo aqui a conclusão para quem queira concluir algo da "quizumba". Além de uma explicação que julgo necessária. Esta palavra, após aportuguesada, virou referência de conflito, briga. Mas em Moçambique, de onde é originária, significa hiena...
(*) Jornalista, escritor e publicitário