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Percepção do cotidiano: envelhecer

Vania Fonseca
Publicado em 27/08/2024 às 18:20
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Envelhecer..., para não dizer crescer, que deveria ser a tônica para simplificar a vida! Permitir-se enxergar a vida sem dramas e a preciosidade do tempo aos quais não cabe a relutância; aceitar a necessidade de mudanças não somente na presença do erro pedagógico; acolher as opiniões alheias divergentes do próprio senso comum; aprender a reconhecer o bem ou o mal inerente à evolução de cada um, e cultivar humildade para se reconhecer na fraqueza do outro.

No processo de viver, a cada dia envelhecemos sem a necessidade da estagnação diante do retrocesso físico, da desatualização frente às inovações científicas e tecnológicas, e nos cabe, simplesmente, reconhecer as limitações do tempo, dos sujeitos e das situações. Neio Lúcio, por Chico Xavier, no livro Jesus no Lar (p. 49-50), escreve que Isabel, genitora de João e Tiago, indagou a Jesus: “Senhor, terás contigo algum talismã de cuja virtude possamos desfrutar?”. E Cristo falou: “Esse bendito talismã, Isabel, é propriedade comum a todos. É a hora que estamos atravessando”.

Envelhecer é dar-se o direito de ser como é sem ter a melancolia de recorrer, incansavelmente, a um procedimento estético anti-idade – louvável em alguns casos, porém fantasioso em outros; é ter autoestima suficiente para não dar vazão à crítica cruel da ignorância alheia. Envelhecer é ter atitude de agradecimento por existir, por ser, frente aos lampejos desafiadores das centenas de pessoas que prezam o sucesso instantâneo da beleza e da juventude, evidentemente, aqui, com reconhecimento ao mérito destes atributos.

Porém, ser grato exige o olhar para dentro de si mesmo para se explorar, se reconhecer; viver e não sobreviver diante da finitude do tempo que se escoa como água entre os dedos da mão de Deus. É preciso ver a própria alma, ajeitar as desordens, caminhar, beber água, dormir, perdoar e amar! Viver bem a velhice pelo amar-se para o exercício da partilha.

Na Via-Sacra 2024 - “Em oração com Jesus, no caminho da cruz”, o papa Francisco rogou a presença de Jesus: “quando experimentar o colapso das certezas e o naufrágio da vida, já não me sinta só, mas acredite que Vós estais lá comigo”; e “fazei que Vos reconheça e Vos ame nos inúmeros idosos descartados”.

Humberto de Campos, por Chico Xavier, no livro “Boa Nova” (p. 59-64), escreve que Simão Pedro “sentia o declínio das forças vitais” e indagou a Jesus: “[...] Senhor, de qualquer modo, a velhice é a meta do Espírito?”. E Jesus lhe respondeu: “Não a velhice enferma e amargurada que se conhece na Terra, mas a da experiência que edifica o amor e a sabedoria; [...] achas que os moços de amanhã poderão fazer alguma coisa sem os trabalhos dos que agora estão envelhecendo? [...] e não penses que outro homem pudesse efetuar, no conjunto da obra divina, o esforço que te compete. Vai e tem bom ânimo!”.

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