Percepção do Cotidiano: o fluir do amor

Pensar é nosso maior triunfo, poder vivenciar, no tempo circular, o passado em meio ao agora e perpassar as distâncias. Aqui está você, ausência presente, como na adolescência, sem barreiras ou manchas, no abraço que estreita o laço! No agora, percebe-se a realidade dos sonhos, a esperança do mútuo crescer, os desejos contáveis ao mar iluminado por estrelas, o convite da formatura tão esperada! O tempo não voa para o amor. Você é presente na feliz saudade do ontem! Assim, escrevo sobre amores que não se findam, que trazem alegria por existirem na lembrança de amantes eternos.

A sociedade é líquida, como diz o filósofo polonês Zygmunt Bauman para interpretar a fluidez das relações e comportamentos humanos atuais! Contudo, Joanna de Ângelis (Por Divaldo Franco, em “Amor, imbatível amor”, p. 241) esclarece: “Quando o amor se instala nos sentimentos, as pessoas podem encontrar-se separadas; ele, porém, permanece imperturbável. A distância física perde o sentido geográfico e o espaço desaparece [...]. Uma palavra evocada, um aroma sentido, uma melodia ouvida, qualquer detalhe desencadeia toda uma série de lembranças que o trazem ao tempo presente...”.

Eis a fascinante mágica do pensamento, energia que não se desfaz, habita na roda do tempo modelado pela competência humana. Conhecimentos adquiridos pela prática de habilidades, atitudes e valores definem sentimentos e escolhas! Onde está você? Hoje, escolho que você esteja nestas linhas! Pois, “... eu deveria saber que o nosso amor era mais antigo do que o passado” (como cantam Kenny Rogers & Bee Gees, em “You and I”). Entoam, ainda, que “o mundo não pode nos oferecer o paraíso”. Porém, digo, o mundo nos dá a felicidade de pensar pela impermanência do tempo de amar! Doce ilusão? Quem sabe?

Falar do amor surpreende, ridiculariza, encanta! Quem não tem uma história de amor para lembrar? Pieguice? Fica ao seu critério julgar. Não me refiro somente ao amor romântico. Também, ao amor que se transpõe a outro indivíduo e vê a sua necessidade; ao amor presente nas mentes que escolhem se iluminar, como em Paulo, apóstolo de Jesus: “E ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar os montes, se não tiver amor, nada serei” (I Coríntios 13:2).

Não importa o tempo no espaço; urge focar, no agora, no amor incondicional! Como diz a Budista Monja Coen: “aprecie cada momento de sua vida, por que não há nada fixo nem permanente”.

Profa. Dra. Vania Fonseca

Bióloga e Pedagoga

fonseca.vm2020@gmail.com